LOJA DE PERFEIÇÃO 


Instrução do Grau 4 - 1ª Parte, Immanuel Kant

Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região

0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR

FUNDADA EM 11 DE ABRIL DE 1972

CAMPINA GRANDE -  PARAÍBA

 

Instrução do Grau 4 – Questionário 1ª Parte, ao olhar de Immanuel Kant

 

Análise Filosófica à Luz de Immanuel Kant

 

O filósofo do século XVIII refletiu com profundidade sobre razão, moral e liberdade. Para ele, o ser humano só alcança verdadeira sabedoria quando age pelo dever, iluminado pela razão e guiado pela autonomia. Esses princípios dialogam diretamente com a Maçonaria e com o espírito da instrução do Grau 4, inspirada em Moral e Dogma de Albert Pike.

 

A seguir, cada elemento simbólico é reinterpretado à luz dessa filosofia:

 

“Onde fostes investido?”


O verdadeiro santuário não está fora, mas dentro do homem: em sua mente e em sua consciência. O Sanctum Sanctorum representa a pureza da consciência moral, onde ecoa a “voz da razão prática”. É o espaço da lei interior que orienta as ações não por interesse, mas por dever.

 

“Quem vos recebeu?”


Salomão simboliza a sabedoria; Adoniram, a ação justa. Pensar corretamente e agir moralmente são inseparáveis. O sábio é aquele que age não por recompensa, mas por convicção. A iniciação desperta exatamente essa consciência.

 

“O que vistes?”


O Grande Círculo expressa o todo, a realidade que vai além dos sentidos, mas que a razão pode alcançar.
O Delta evoca liberdade, moralidade e autonomia.
A Estrela Flamejante é a luz da razão que ilumina a consciência, revelando tanto sua grandeza quanto seus limites, e despertando respeito pelo senso moral.

 

“O que representa a Estrela Flamejante?”


Ela é a razão prática guiada pela moral. Convida o homem a voltar-se para dentro de si, a ouvir sua própria consciência e a agir com retidão.

 

“As cinco pontas da Estrela”


Todo conhecimento começa nos sentidos, mas só encontra plenitude na razão. As ordens arquitetônicas lembram a ordem racional do universo, reflexo de uma inteligência superior — a ideia do Divino acessível ao entendimento humano.

 

“O que vistes no centro da Estrela?”


O YOD, como centelha divina, simboliza a lei moral dentro de nós. Representa a dignidade do ser racional, capaz de agir por princípios universais, e não apenas por desejos passageiros.

 

“O Nome que Deus deu a si mesmo”


“Eu sou o Que Sou” aponta para o Ser eterno e imutável. Deus surge aqui não como juiz externo, mas como ideia necessária da razão, sustentando a confiança de que a virtude sempre terá valor.

 

“O Grande Círculo que circunda o Delta”


O círculo representa a universalidade da moral. Toda ação deve ser pensada como se pudesse servir de exemplo para toda a humanidade. Nenhuma escolha é isolada: tudo reverbera no todo.

 

Conclusão

 

A verdadeira liberdade nasce quando seguimos a lei moral que habita em nós. A razão nos ajuda a reconhecê-la; a autonomia nos faz vivê-la. A Maçonaria, especialmente neste grau, convida a essa jornada: conhecer a si mesmo, iluminar a razão, purificar as ações e caminhar com dignidade.

 

Assim, a instrução do Grau 4 ensina que o iniciado não deve agir por imposição externa, mas por convicção interior. Esse é o caminho da autonomia moral, marca do verdadeiro livre pensador.

 

Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.

Vale a pena ler de novo:

https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/04/instrucao-do-gr-au-4-questionario-1.html

 

Anexo

 

Um Diálogo entre Albert Pike e Immanuel Kant

 

O Grau 4 da Maçonaria, conhecido como Grau de Mestre Secreto, marca o início de uma nova etapa no caminho iniciático. Seus símbolos e instruções podem ser lidos sob diferentes perspectivas, como a de Albert Pike, que via na Ordem uma escola de sabedoria espiritual, e a de Immanuel Kant, que refletiu profundamente sobre razão, moral e liberdade. Embora partam de tradições distintas, ambos convergem em mostrar que a verdadeira luz deve ser buscada no interior do ser humano.

 

O Sanctum Sanctorum

 

Para Pike, o Santo dos Santos não é um espaço físico, mas um estado espiritual: o lugar onde habita a presença do Grande Arquiteto do Universo no coração do iniciado. Já Kant vê nesse espaço a pureza da consciência moral, onde ecoa a voz da razão prática. Assim, ambos indicam que o verdadeiro templo está dentro do homem — seja como morada do Divino, seja como sede da lei moral.

 

Sabedoria e Ação

 

A presença de Salomão e Adoniram simboliza, em Pike, a união entre sabedoria e trabalho justo, contemplação e ação equilibradas. Kant lê o mesmo símbolo como a aliança entre razão e dever: pensar corretamente e agir moralmente são inseparáveis. O iniciado é chamado a harmonizar inteligência e virtude.

 

O Significado dos Símbolos

 

Grande Círculo: Para Pike, representa a eternidade divina; para Kant, a totalidade da moral universal.

Delta: Pike o associa à tríade fundamental (Sabedoria, Força e Beleza); Kant o vê como símbolo da liberdade, moralidade e autonomia.

Estrela Flamejante: Em Pike, é a luz divina que ilumina a alma e conduz à verdade; em Kant, a razão prática que ilumina a consciência e orienta a ação reta.

 

Ambos reconhecem na estrela uma guia interior, mas enquanto Pike enfatiza o mistério divino, Kant destaca a lei moral.

 

Os Cinco Elementos

 

As cinco ordens arquitetônicas e os cinco sentidos, em Pike, refletem a harmonia e a necessidade de educar os sentidos para que se tornem instrumentos da razão e da virtude. Kant concordaria: os sentidos são a base do conhecimento, mas só a razão lhes dá plenitude e universalidade.

 

O YOD e o Nome Divino

 

No centro da Estrela, Pike encontra o YOD como princípio criador e essência de Deus, cuja pronúncia perdida representa a queda espiritual do homem. Kant o interpreta como a centelha da lei moral em cada ser racional: dignidade e capacidade de agir por princípios universais. O Nome Divino “Eu sou o Que Sou” é, para Pike, a revelação do Ser eterno e imutável; para Kant, a ideia necessária da razão que fundamenta a moralidade.

 

O Círculo que Circunda o Delta

 

Ambos veem no círculo a totalidade que envolve tudo. Pike ressalta o mistério infinito do Divino; Kant, a universalidade das ações morais. Nos dois casos, nada existe isolado: todo símbolo, toda escolha e todo gesto reverberam no todo.

 

Síntese Comparativa

 

Pike lê a Maçonaria como um caminho de ascensão espiritual, em que cada símbolo conduz ao mistério divino e ao templo interior. Kant, por sua vez, interpreta os mesmos símbolos como um convite à autonomia moral, à ação pelo dever e à dignidade racional.

 

Em ambos, porém, o Grau 4 revela sua essência: o iniciado é chamado a buscar a luz dentro de si, seja como presença do Grande Arquiteto do Universo, seja como voz da consciência moral. O templo verdadeiro não é de pedra, mas construído no coração e na razão do homem livre.

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