LOJA DE PERFEIÇÃO
Grau 4 – Telhamento
- Immanuel Kant
Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região
0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR
FUNDADA
EM 11 DE ABRIL DE 1972
CAMPINA
GRANDE - PARAÍBA
Instrução do Grau 4 – Telhamento, ao olhar de Immanuel Kant
A estrutura dialogal (Pergunta e Resposta), presente
no Telhamento, lembra o método socrático, favorecendo o autoconhecimento e o
despertar da razão, o que se alinha com a visão de Kant de que o homem deve
pensar por si mesmo.
1. “Vi o Túmulo de Hiram... e derramei lágrimas” – O Dever de Honrar
e Sentir
Para
Kant, o ser humano deve agir guiado pela razão prática – a capacidade de pensar
e decidir por si mesmo com base no dever.
O
"esquadro" pode simbolizar as regras externas e sociais, enquanto o
"compasso" representa o uso da razão interna e universal.
Assim,
passar do esquadro ao compasso é deixar de ser guiado apenas por costumes ou
autoridade e passar a agir por convicção racional e moral.
Kant
valoriza o respeito moral, e o túmulo de Hiram representa a memória do ideal
ético.
As
lágrimas não são apenas emoção, mas expressão do respeito por aquele que
cumpriu seu dever até o fim.
Segundo
Kant, o verdadeiro valor moral está em agir por dever, mesmo diante do
sofrimento – e reconhecer isso em outro é um sinal de humanidade.
2. “Debaixo do Loureiro e da Oliveira” – A Natureza como Símbolo da
Razão Moral
A
Oliveira (paz e sabedoria) e o Loureiro (glória moral) representam ideais
racionais.
Para
Kant, esses ideais não estão em recompensas externas, mas no sentimento interno
de dever cumprido.
Estar
“debaixo” dessas árvores é viver sob os princípios universais da razão prática,
que nos dizem o que é certo fazer, independentemente das consequências.
3. “As lições do Segredo, da Obediência e da Fidelidade” – Fundamentos
Éticos da Autonomia
Kant
ensina que o ser humano deve obedecer não a ordens externas, mas à lei moral
dentro de si.
Segredo:
respeito pelo que é sagrado e não deve ser banalizado.
Obediência:
ao dever racional, não à imposição cega.
Fidelidade:
compromisso com a lei moral e com a comunidade ética (a fraternidade maçônica).
4. “Praticar a Virtude, instruir, vigiar e guardar silêncio” – O
Imperativo Categórico em Ação
A
virtude, para Kant, é a força moral de agir conforme o dever.
Instruir
e vigiar: o Mestre tem responsabilidade ética de guiar outros a agir
moralmente.
Guardar
silêncio: é a humildade de reconhecer que nem tudo deve ser dito; é agir com
sabedoria e respeito.
Tudo
isso reflete o imperativo categórico: “Age de tal forma que a máxima da tua
ação possa ser uma lei universal”.
O Mestre Secreto como Ideal Kantiano
O
Mestre Secreto é aquele que age por dever, buscando a virtude pelo respeito à
lei moral.
Não
é mais guiado por interesse ou tradição, mas por princípios universais da razão.
Assim
como Kant define o esclarecimento como “a saída do homem de sua menoridade”, o
Grau 4 representa a maioridade espiritual do Maçom.
Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de
Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da
Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA
da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
Anexo
Um Diálogo entre Albert Pike
e Immanuel Kant
O
Telhamento, como ritual simbólico e dialogal, é interpretado por Kant e Pike
sob lentes distintas, mas complementares. Ambos reconhecem seu valor como
instrumento de transformação interior, embora partam de fundamentos filosóficos
diferentes: Kant, da razão prática e moral; Pike, da espiritualidade e busca da
Verdade.
1. “Passei
do Esquadro ao Compasso”
Kant:
ü Representa a transição da obediência a normas externas (Esquadro) para a
autonomia da razão (Compasso).
ü O Maçom começa a agir por dever moral, não por tradição ou autoridade.
Pike:
Ø Marca o início da jornada espiritual rumo à Sabedoria divina.
Ø O Compasso simboliza a elevação filosófica e o abandono do mundo material.
Comparativo: Ambos veem essa passagem como um avanço: Kant foca
na autonomia racional; Pike, na transcendência espiritual. O gesto é o mesmo,
mas o destino é diferente — ética universal para Kant, iluminação mística para
Pike.
2. “Vi o
Túmulo de Hiram... e derramei lágrimas”
Kant:
ü As lágrimas expressam respeito moral por quem cumpriu seu dever até o
fim.
ü O túmulo é símbolo do ideal ético e da humanidade compartilhada.
Pike:
Ø Representa o drama da alma em busca da Verdade e da imortalidade.
Ø O sofrimento é uma etapa necessária rumo à Luz espiritual.
Comparativo: Kant vê o túmulo como memória ética; Pike, como
portal simbólico para a transcendência. Ambos valorizam o sofrimento, mas Kant
o interpreta como respeito ao dever, enquanto Pike o vê como iniciação
espiritual.
3. “Debaixo
do Loureiro e da Oliveira”
Kant:
ü Loureiro: glória moral; Oliveira: sabedoria e paz.
ü Estar sob essas árvores é viver segundo a razão prática e o dever.
Pike:
Ø Loureiro: vitória espiritual; Oliveira: sabedoria divina.
Ø Os símbolos naturais revelam o sagrado e guiam a alma à serenidade.
Comparativo: Ambos atribuem valor elevado aos símbolos
naturais, mas Kant os vê como expressão da razão moral, enquanto Pike os
interpreta como emanações do divino.
4. “As lições do Segredo, da Obediência e da Fidelidade”
Kant:
ü Segredo: respeito ao sagrado; Obediência: à lei moral interna;
Fidelidade: à comunidade ética.
ü Fundamenta a autonomia ética do indivíduo.
Pike:
Ø Segredo: iniciação gradual; Obediência: à Verdade e à Ordem; Fidelidade:
à missão espiritual.
Ø Sustenta o crescimento interior e a elevação espiritual.
Comparativo: Ambos valorizam essas virtudes, mas Kant as vê
como pilares da ética racional, enquanto Pike as considera degraus da ascensão
espiritual.
5. “Praticar a Virtude, instruir, vigiar e guardar silêncio”
Kant:
ü Virtude: agir conforme o dever; Instruir e vigiar: responsabilidade
ética; Silêncio: sabedoria e respeito.
ü Reflete o imperativo categórico: agir segundo princípios universais.
Pike:
Ø Virtude: consciência moral; Instruir e vigiar: guiar e proteger;
Silêncio: abertura ao Mistério.
Ø O silêncio é a primeira virtude do iniciado, pois permite o verdadeiro
entendimento.
Comparativo: Ambos reconhecem a virtude como essencial, mas
Kant a fundamenta na razão e universalidade, enquanto Pike a associa à
sabedoria espiritual e ao Mistério.
Conclusão:
Dois Caminhos, Um Propósito
- Kant vê o Mestre Secreto como o homem que alcançou
a maioridade espiritual por meio da razão e do dever moral.
- Pike enxerga o Mestre como aquele que transcende o
mundo material e se torna guardião da Sabedoria divina.
Ambos
convergem na ideia de que o Telhamento é um rito de passagem — um chamado à
transformação interior. Mas enquanto Kant conduz o Maçom à autonomia racional e
ética, Pike o guia à iluminação espiritual e ao Mistério.
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