À Porta do Templo Interior — O Chamado dos Graus Filosóficos

 

Por Hiran de Melo

 

Loja Simbólica - Sessão Preliminar de Instrução Filosófica

 

1. Saudação e Introdução

 

Meus queridos Irmãos,

É com alegria e responsabilidade que vos saúdo nesta Sessão Preliminar de Instrução Filosófica.

 

Estais reunidos aqui, não apenas como Mestres Maçons, mas como buscadores. Vossos passos vos trouxeram até este limiar — o portal da Maçonaria Filosófica — e, diante dele, uma pergunta ressoa em nosso interior:

 

Por que deve o Mestre Maçom trilhar os caminhos dos graus filosóficos?

 

A resposta, irmãos, não se encontra em uma doutrina fechada, tampouco em uma imposição exterior. Ela nasce de um chamado. E este chamado é interior.

 

2. A Palavra Oculta: O Sentido da Busca

 

Iniciamos com a máxima tomada dos Provérbios:

 

“Gloria Dei est celare verbum”

(A glória de Deus é ocultar a Palavra).

 

Este não é um mistério apenas religioso. É um princípio filosófico profundo: o que é mais valioso está velado. O verdadeiro Iniciado não é aquele que recebe verdades prontas, mas aquele que aprende a ver com os olhos do espírito.

 

Como ensinava Albert Pike, os Mistérios não são ensinados, são desvelados. A experiência iniciática é silenciosa, interior e transformadora. Como diria Nietzsche, “tornar-se o que se é” — este é o verdadeiro trabalho do Mestre Secreto – grau de entrada nos graus filosóficos.

 

3. A Transição: Da Maçonaria Azul à Filosófica

 

Nos três primeiros graus — Aprendiz, Companheiro e Mestre — formastes a base de vosso edifício moral. Neles, recebemos ferramentas, símbolos, e lições de conduta.

 

Agora, o que se espera de vós não é mais apenas obediência ao ritual, mas a elevação da consciência. Os Graus Filosóficos, que se iniciam na Loja de Perfeição, não são promoções — são desafios. Desafios ao vosso entendimento, à vossa ética, e à vossa alma.

 

Cada novo grau filosófico amplia os horizontes. Mas ao ampliar o saber, aumenta também o compromisso. Porque aquele que vê mais, também responde por mais.

 

4. O Grau 4: Portal e Espelho

 

O Grau 4 — Mestre Secreto — é o portal.

 

Ele vos convida a reconstruir o Templo. Mas agora não se trata mais de um templo externo. É o Templo Interior. Aquele que se ergue no silêncio, na disciplina, na escuta atenta do próprio coração.

 

Após a morte simbólica de Hiram, a obra ficou inacabada. E vós sois chamados a retomá-la — com nova consciência, com nova retidão.

 

O símbolo agora não é mais a ferramenta visível, mas o malhete da razão, o cinzel da vontade, o compasso da moral.

 

5. O Silêncio como Virtude Iniciática

 

Silêncio, Discrição e Justiça: essas são as colunas do Grau 4.

Mas que silêncio é este?

 

Não é a ausência de palavras, mas o espaço necessário para que o símbolo fale. É a pausa que permite o surgimento da Verdade. É a humildade diante do Mistério.

 

Discrição, por sua vez, é a arte de guardar o que é sagrado. E a Justiça é a aplicação do que se compreendeu, com retidão, com consciência, com amor ao Bem.

 

6. Ética, Estudo e Ação: O Caminho do Mestre Secreto

 

Queridos Irmãos,

 

A Maçonaria Filosófica exige mais do que conhecimento: ela exige transformação.

 

Ela não entrega respostas — oferece caminhos. Não impõe crenças — propõe reflexões.

 

Aqui, como bem ensinava Kant, a liberdade não é fazer o que se quer, mas agir segundo um dever assumido com consciência. A liberdade do Iniciado é a conquista da autonomia moral, do espírito que se orienta pela luz interior.

O estudo, o silêncio e a ação justa — são os três pilares dessa nova jornada.

 

7. Convite à Jornada: A Busca do Nome

Mais adiante, nos graus seguintes, ouvireis falar do “Nome Perdido”. Mas saibam: essa busca já começa agora.

 

O “Nome” é símbolo da Verdade Suprema. E a Verdade não está em livros apenas — ela está no coração que arde por justiça, no espírito que não se acomoda, na alma que deseja ver com olhos regenerados.

 

Como dizia o filósofo: “O homem não é apenas o que é — é o que escolhe se tornar”.

 

8. Palavras Finais: O Chamado da Pedra Viva

 

Queridos Irmãos,

 

O Rito Escocês Antigo e Aceito é mais do que uma estrutura ritualística. Ele é uma ontologia simbólica — um modo de ser no mundo.

 

Ao vos aproximardes da Loja de Perfeição, lembrai-vos:

 

“O corpo de Hiram jaz oculto no Sanctum Sanctorum. Ele representa a Verdade que só será revelada ao que estiver pronto”.

 

Preparai-vos. Talhai vossas pedras. Escutai vosso silêncio. Vinde com fé, com vontade, com sinceridade.

 

Porque o Rito Escocês é um espelho. E quanto mais profundamente olhardes para ele, mais vereis de vós mesmos.

 

Exortação

 

Que a luz do Iniciado vos guie.

Que o silêncio do Sábio vos proteja.

E que a Verdade vos encontre dignos, quando estiverdes prontos para reconhecê-la.

 

Muito obrigado.

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