O QUE SIGNIFICA INICIAR OS GRAUS FILOSÓFICOS?

Ao entrarmos na Maçonaria pelo grau de Aprendiz Maçônico, não sabemos o que vem pela frente, devido à falta de conhecimento existente. No momento em que subimos de grau e nos tornamos Companheiro Maçom, começamos a entender um pouco sobre a Maçonaria. Mas, ao passarmos ao grau de Mestre, ficamos mais cientes da importância de ser um membro de luz maçônica.

No momento em que decidimos fazer os graus ditos filosóficos, de aprimoramento e aprofundamento maçônico, passamos a conhecer mais sobre o que a Maçonaria representou e representa na sociedade, e também sobre nosso crescimento espiritual e de luz.

O que eu entendi na sessão de Iniciação do Grau 4 é que, depois do luto pela morte de Hiram — que foi o maior espelho da época como exemplo de Maçom —, cria-se um período de estar sozinho, diante de um momento de silêncio e muita meditação pessoal, para despertar uma consciência maior do que acontece ao redor, por meio de uma observação profunda.

Isso nos ensina que o olho observa mais, a boca fala menos, e, quando fala, é com importância. E, por fim, ouve-se mais, para aprender sempre. Com isso, tomam-se decisões sábias, que ajudam a quem delas precisar.

Quem pratica boas ações receberá um caminho espiritual de luz.

A chave, símbolo do Grau 4, é a porta secreta que se abre para o autoconhecimento — para descobrir em que se pode melhorar sempre, com o intuito de fortalecer o caminho espiritual do Maçom, priorizando sempre a humildade, sem que seja necessário aparecer para mostrar tais feitos.

Assim, os maçons que entendem e escolhem suas verdadeiras missões no mundo profano evoluirão espiritualmente aqui na Terra, para atingir um plano maior no momento em que partirem deste mundo terreno.

Rodrigo Cabral de Andrade

Mestre Secreto

                 

Breve Consideração

Por Hiran de Melo

 

Análise Estilística

O texto tem um estilo reflexivo e narrativo, com estrutura clara e cronológica. Ele se desenvolve em três momentos:

1.    Relato da experiência maçônica inicial (graus simbólicos);

2.    Descoberta pessoal durante a iniciação filosófica (Grau 4);

3.    Conclusões morais e espirituais a partir da vivência.

A linguagem é simples e direta, o que facilita a compreensão. Os parágrafos são curtos, as ideias são expostas sem jargões complexos, e a voz do Mestre Rodrigo Cabral de Andrade transmite sinceridade e vivência pessoal.

Há forte uso de símbolos e metáforas (como luz, porta secreta, chave, silêncio, autoconhecimento), o que reforça a ligação com a tradição simbólica da Maçonaria e da filosofia iniciática.

Análise Filosófica à Luz de Platão e Lúcia Helena Galvão

1. O Caminho Iniciático e a Alegoria da Caverna

O texto se inicia com a constatação de que o Aprendiz não sabe o que vem pela frente, por "falta de conhecimento". Isso lembra a Alegoria da Caverna, de Platão, que mostra os seres humanos presos a sombras, sem compreender a realidade verdadeira.

Para Platão, o processo filosófico é uma subida do escuro para a luz, da ignorância para a verdade.

Lúcia Helena Galvão interpreta essa subida como um despertar da alma que exige esforço, coragem e amor à verdade.

No texto, essa subida aparece simbolicamente nos graus: Aprendiz → Companheiro → Mestre → Graus Filosóficos. É uma escalada rumo à compreensão mais profunda do ser e do mundo, onde cada passo revela mais luz.

2. Silêncio, Luto e Autoconhecimento

A reflexão sobre a morte de Hiram no Grau 4 representa uma pausa necessária para que o iniciado contemple o silêncio e a solidão.

Em Platão, a morte (física ou simbólica) representa a libertação da alma dos apegos sensíveis, para que ela contemple o mundo das Ideias — o Bem, o Belo, o Justo.

Lúcia Helena ensina que o silêncio, a escuta e a introspecção são caminhos essenciais para acessar a sabedoria interior.

Quando o Mestre Rodrigo diz que aprendemos a "observar mais, falar menos e ouvir sempre", ele expressa o ideal do filósofo consciente, que domina a si mesmo antes de tentar influenciar o mundo. Isso é o oposto do homem vulgar, que fala muito, ouve pouco e se deixa levar pelas emoções.

3. A Chave e a Porta Secreta — Símbolos do Autoconhecimento

O símbolo da chave do Grau 4 e da porta secreta nos remete diretamente ao famoso lema do templo de Delfos, citado por Platão:

“Conhece-te a ti mesmo.”

Essa chave simbólica não abre portas externas, mas o interior do próprio ser.

Para Platão, conhecer-se é reconhecer que a alma carrega dentro de si a centelha do divino, e que a verdadeira sabedoria vem de dentro.

Lúcia Helena reforça que o autoconhecimento não é apenas saber o que sentimos, mas compreender nossa missão, corrigir falhas e cultivar virtudes.

No Testemunho, o autoconhecimento é descrito como um processo constante de melhoria, com base na humildade e discrição, sem vaidade nem necessidade de reconhecimento — que é um ensinamento clássico da ética platônica e também um valor maçônico.

4. Missão no Mundo Profano e Ascensão Espiritual

O Mestre Rodrigo conclui dizendo que quem compreende sua missão no mundo profano evolui espiritualmente.

Isso se alinha com a visão platônica de que a vida terrena deve ser vivida com propósito e nobreza, para que a alma, ao deixar o corpo, esteja pronta para se reunir ao Bem eterno.

Para Lúcia Helena, viver com missão significa agir com consciência, ética, compaixão e serviço, tornando-se um agente de transformação do mundo.

A Maçonaria, nessa perspectiva, não é apenas um sistema de graus ou cerimônias, mas um caminho de evolução interior que se manifesta em atitudes concretas no mundo.

Conclusão: O Grau Filosófico como Busca Platônica pela Verdade

O Testemunho do Mestre Rodrigo traduz, de forma simples e vivencial, a essência da filosofia iniciática defendida por Platão:

A busca pelo bem, pela luz, pelo autoconhecimento e pelo silêncio sábio como instrumentos de evolução da alma.

Sob a hermenêutica de Lúcia Helena Galvão, essa jornada é vista como um ato de coragem interior, onde cada grau representa uma etapa da subida do ser humano da ignorância para a sabedoria, do ego para o serviço, do mundo sensível para o mundo espiritual.

Mestre Rodrigo, ao compartilhar sua experiência pessoal, reforça que o verdadeiro iniciado não busca títulos, mas transformação — e isso é profundamente filosófico, profundamente platônico, e essencialmente maçônico.

 


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