O Silêncio como Caminho Iniciático
A
jornada que iniciamos no Grau 4 nos impôs a seguinte reflexão: o silêncio pode
e deve servir como ação indutora para a meditação sobre as principais questões
que se nos apresentam. O silêncio pode ser tão eloquente e capaz de falar sobre
o mundo exterior e principalmente sobre nós mesmos. A privação da voz, ainda
que de forma momentânea, certamente nos fará ouvir mais, enxergar com maior
acuidade e por consequência dedicar maior cuidado com as questões que realmente
importam. Na sessão de iniciação ao grau de mestre secreto nossa venda caiu e
com ela, também caiu nossa cegueira para as questões propostas ao pensamento
humano no campo razão e da moral, uma vez que devemos nos debruçar sobre esses
temas de agora por diante.
Justino Vieira – Mestre Secreto do REAA, LPPA
Breve Consideração
Por Hiran de Melo
No
Grau 4 do REAA — Mestre
Secreto
— o silêncio deixa de ser apenas ausência de palavras e passa a ser um símbolo ativo da busca interior. O
Mestre Justino Vieira em seu testemunho após a sua iniciação nos mistérios do
Grau 4 convida à reflexão sobre o silêncio como instrumento de autoconhecimento
e transformação. Essa é uma leitura perfeitamente compatível com a visão de Albert Pike, que via os símbolos
maçônicos como meios de acessar verdades espirituais e morais profundas.
1. O Silêncio como Ação Interior
O
texto, do Mestre Justino Vieira, nos propõe que o silêncio seja ativo, não passivo. Isto
é, ele induz à meditação, à escuta e ao olhar
atento para o mundo e para o próprio ser.
Pike e o silêncio:
Em
"Morals
and Dogma",
Pike associa o silêncio ao processo de iniciação interior, dizendo que é pelo
silêncio que o homem começa a ouvir a voz da consciência e da razão superior. Ele afirma que os
Mistérios antigos — e a Maçonaria herda esse princípio — exigem silêncio não
como submissão, mas como preparação para a sabedoria.
"A
linguagem é muitas vezes um obstáculo ao conhecimento. O silêncio é a primeira
condição do iniciado." – Albert Pike
2. Ver e Ouvir Melhor: A Purificação dos
Sentidos
O
texto indica que, ao silenciar a fala, nossos sentidos tornam-se mais atentos: ouvimos mais, vemos
melhor,
e cuidamos mais do que realmente importa.
Pike e os sentidos:
Para
Pike, os sentidos físicos são portais simbólicos do conhecimento. Mas, para que
funcionem de modo elevado, precisam ser purificados. O silêncio funciona
como um filtro
que afina a percepção, retirando as distrações do ego e permitindo uma escuta
mais profunda — tanto do mundo externo quanto da própria alma.
3. A Queda da Venda:
Iluminação da Consciência
O
autor menciona a queda da venda na iniciação ao Grau 4, simbolizando o despertar da
consciência moral e racional. Essa imagem é poderosa e está em linha com
a ideia de Pike sobre a Luz Maçônica.
Pike e a luz da razão:
Albert
Pike trata os graus do REAA como estágios do progresso da alma rumo à Luz,
entendida como entendimento
moral, filosófico e espiritual. A venda que cai representa o abandono da
ignorância e o início de uma jornada ética, em que o maçom não mais se guia
pela autoridade externa, mas pela luz da razão e da verdade interior.
4. Razão e Moral: Novos Compromissos do
Mestre Secreto
Por
fim, o texto afirma que, a partir da iniciação no Grau 4, o maçom deve se
voltar às grandes questões da razão e da moral. Esta é, aliás, uma
das marcas do ensino de Pike: a ideia de que a Maçonaria não é apenas ritual,
mas sobretudo filosofia
prática da ética e da liberdade de pensamento.
"A
Maçonaria é uma escola da moral, e seus ensinamentos morais são revestidos de
símbolos." – Pike
Conclusão: A Voz Interior do Silêncio
O
silêncio, na perspectiva de Albert Pike, é mais do que disciplina; é instrumento de elevação
espiritual.
O testemunho analisado propõe exatamente isso: que o silêncio seja um espaço
fértil para a construção de uma consciência mais lúcida e ética.
Assim,
o silêncio não cala — ele revela. Ele é o início da sabedoria, e no Grau de Mestre
Secreto, torna-se a chave para compreender as verdades ocultas, não como mistério a
ser guardado, mas como luz a ser interiorizada.
Nota:
A ilustração transmite a mensagem de que o silêncio não é ausência,
mas um espaço fértil para a introspecção e o desenvolvimento, levando à
compreensão de verdades profundas (simbolizadas pelos elementos maçônicos) e à
iluminação pessoal. Ela visualiza o silêncio como a chave para desvendar
mistérios internos e alcançar um nível superior de consciência moral e
racional, ecoando a visão de Albert Pike sobre a Maçonaria como uma escola de
moral e filosofia prática.
Comentários
Postar um comentário