Testemunho de um Mestre Secreto recém iniciado

Na Maçonaria, como sabemos, não há nada que não tenha significado altamente Cientifico e Filosófico apoiadas na tradição. Tudo é Cuidadosamente Simbólico e carregado de significados profundos que vão muito além do óbvio...

A primeira vez que entrei no Templo estava vendado... ainda refletindo meu testamento... Despido de todos os metais, nem nu, nem vestido, minha mente procurava sensações, cheiros, sons... conduzido as viagens... calmaria, trovões, espadas, vibrações... e minha mente visualizava um espaço físico surrealista. Ao receber a Luz como um lampejo e após romper a marcha do aprendiz maçom com três passos em direção a Luz eu vi a estrela flamejante e dei um passo em direção a beleza e um outro em direção a Sabedoria Ah! Eu vi a morte e o renascimento...

Cá estou, mais uma vez vendado... percorrendo viagens... sendo preparado para proteger os segredos velados no Santo dos Santos como reforçou o Orador... a responsabilidade é elevada com SIGILO e FIDELIDADE. Portador da Chave de Marfim tornei-me guardião coroado.

A vigilância interna, o Segredo guardado no coração, o Silêncio não apenas como ausência de som, mas como aprender a ouvir, o Silêncio é uma suprema expressão da sabedoria adquirida. Quanta perfeição!

Posso afirmar que foi uma experiência profunda e transformadora, marcada por simbolismos e emoção! Acredito que cada iniciação é ÚNICA e PESSOAL representando assim, não apenas um ingresso formal, mas o início de uma jornada de autoconhecimento e compromisso com os princípios Maçônicos.

Rafael Fernandes da Silva Júnior - Mestre Secreto

 

Breve Consideração

Por Hiran de Melo

O testemunho do Mestre Secreto recém-iniciado apresenta-se como uma narrativa sensível e simbólica de um momento de intensa vivência interior. O texto não pretende ser acadêmico ou doutrinário — e é justamente aí que está sua força. Ele fala da Maçonaria a partir da experiência, do sentir, do transformar-se.

Logo de início, o Mestre Secreto Rafael Fernandes da Silva Júnior nos lembra de algo essencial na Tradição Maçônica: nada é gratuito, tudo tem um propósito e uma razão simbólica. Os rituais, as palavras, os objetos... tudo comunica. Há uma ciência e uma filosofia em cada gesto, mas também algo que escapa à lógica e só pode ser compreendido por quem vive — ou revive — esses momentos com o coração aberto.

A descrição da iniciação é rica em imagens sensoriais: a venda nos olhos, o silêncio, o som das espadas, a tensão das viagens. Esse uso dos sentidos não é apenas poético; é uma porta de entrada para o sagrado. Estar “nem nu, nem vestido”, “despido dos metais”, é uma forma de se entregar por inteiro, de deixar o mundo externo para trás e entrar no mistério.

A chegada da Luz marca um ponto de virada — um lampejo, uma revelação. Com três passos, o iniciado se aproxima não apenas de um símbolo, mas de uma verdade interna. A estrela flamejante, a Beleza, a Sabedoria, e por fim, a vivência da morte simbólica e do renascimento. Tudo isso expressa o renascer da consciência para um novo modo de ser no mundo.

Ao retornar ao ponto da venda — agora, num novo grau — o autor sinaliza que a jornada não acabou. Ela continua, mas em outro nível. O silêncio, agora mais profundo, ganha novo sentido: não se trata apenas de calar, mas de guardar, de respeitar o que é sagrado. O sigilo não é imposição, é cuidado. A fidelidade não é obrigação, é honra.

É nesse contexto que o autor faz uma observação que amplia o sentido da experiência: “O silêncio é uma suprema expressão da sabedoria adquirida”. Aqui, ele ecoa as palavras de Heidegger, citado por Giacóia, quando diz que “o silêncio é o lugar onde o ser se mostra com mais verdade”. Essa citação confere ao texto uma dimensão filosófica sem quebrar seu tom íntimo — ao contrário, ela reforça a ideia de que há sabedorias que só podem ser compreendidas no silêncio interior.

Por fim, o Mestre Rafael reafirma que a iniciação não é apenas um rito formal. É algo único, profundamente pessoal. Um marco. Um começo. Uma entrega a um caminho de autoconhecimento e construção de si mesmo — como homem, como iniciado, como ser em busca de luz.

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