Como a Maçonaria Me Tornou um Homem Melhor         

 

Minha jornada na Maçonaria começou com o simples desejo de me tornar alguém melhor, de compreender mais profundamente os valores que realmente importam na vida. Desde a minha iniciação no grau de Aprendiz, passei por um processo de transformação interior que moldou não apenas minha visão de mundo, mas também meu comportamento, minhas atitudes e minhas relações — principalmente com minha família.

 

Como Aprendiz, fui convidado a olhar para dentro, a reconhecer minhas imperfeições e iniciar o trabalho de lapidação da minha pedra bruta. Foi uma fase de silêncio, observação e reflexão, na qual aprendi que a humildade é o primeiro passo para qualquer evolução verdadeira. Entendi que o conhecimento só tem valor quando está a serviço da ética e da moral.

 

No grau de Companheiro, comecei a entender melhor os segredos da arte de construir — não apenas edifícios simbólicos, mas a mim mesmo como ser humano. A busca por conhecimento se intensificou e, junto com ela, a responsabilidade de colocar em prática tudo aquilo que eu aprendia dentro do templo. Foi nesse grau que compreendi a importância da fraternidade e do trabalho conjunto — valores que levei para minha vida pessoal e familiar.

 

Como Mestre Maçom, alcancei um novo patamar de compreensão. Já não bastava apenas aprender — era preciso ensinar, orientar e servir. Tornei-me mais consciente de meu papel na sociedade e dentro do meu lar. Aprendi o verdadeiro significado do sacrifício, da constância e da sabedoria. A partir daí minhas atitudes em casa mudaram: tornei-me mais presente, mais justo, mais equilibrado. Os ensinamentos da Loja passaram a refletir no meu dia a dia como pai, como esposo, como filho, como cidadão.

 

Hoje, iniciando minha caminhada como Mestre Secreto (Grau 4), percebo que a jornada não termina — ela apenas se aprofunda. Cada grau traz novos desafios e revelações, mas também um chamado maior à responsabilidade. Sinto-me fortalecido nos princípios de lealdade, justiça, verdade e espiritualidade. A Maçonaria tem sido um farol em minha vida, guiando minhas decisões e ajudando-me a cultivar um espírito mais fraterno e comprometido com o bem comum.

 

Meus familiares percebem essa mudança. Eles veem em mim um homem mais sereno, mais ético e mais amoroso. E é isso que me dá a certeza de que estou no caminho certo. A Maçonaria não me tornou perfeito, mas me deu as ferramentas para buscar, todos os dias, a perfeição moral e espiritual — com humildade, dedicação e fé.

 

Carlos Alberto da Silva – Mestre Secreto

 

Breve Consideração

Por Hiran de Melo

 

O texto “Como a Maçonaria Me Tornou um Homem Melhor”, do Mestre Carlos Alberto da Silva, descreve uma jornada de transformação pessoal através dos graus simbólicos da Maçonaria. Essa experiência pode ser muito bem compreendida à luz das ideias do sociólogo francês Pierre Bourdieu, que estudou como as pessoas se transformam através da educação, dos rituais e da convivência em grupos sociais que têm valores próprios — como a Maçonaria.

 

1. O “habitus” e o modo de ser do maçom

Bourdieu criou o conceito de habitus, que é o “modo de ser” que uma pessoa adquire com o tempo, por meio de experiências, ensinamentos e práticas repetidas. O Mestre Carlos Alberto da Silva relata como, ao passar pelos graus da Maçonaria, seu comportamento foi mudando: ele se tornou mais sereno, ético, amoroso, justo. Isso mostra que a vivência maçônica foi moldando seu habitus — ou seja, a Maçonaria transformou não apenas seu pensamento, mas seu jeito de viver e agir no mundo.

 

2. A iniciação e o capital simbólico

Outro conceito importante de Bourdieu é o capital simbólico — que são os valores, títulos e símbolos reconhecidos por um grupo como significativos e valiosos. Na Maçonaria, cada grau, cada ritual e cada símbolo carrega um valor especial. Quando o autor do texto é iniciado e passa pelos graus, ele não está apenas recebendo instruções, mas também adquirindo um novo status dentro de um universo simbólico. Isso dá a ele autoridade moral e responsabilidade ética diante dos demais e de si mesmo.

 

3. O templo interior e a transformação social

Segundo Bourdieu, nossas ações individuais têm reflexo social — ou seja, a mudança interna pode provocar mudanças externas. O texto mostra exatamente isso: à medida que o autor se transforma por dentro (lapidando sua pedra bruta), suas atitudes em casa e na sociedade também mudam. Ele se torna um pai mais presente, um esposo mais justo, um cidadão mais consciente. Isso é um exemplo de como a transformação simbólica que ocorre no templo maçônico produz efeitos reais na vida cotidiana, contribuindo para uma sociedade mais ética.

 

4. A Maçonaria como um campo social

Bourdieu também fala sobre o campo social, que é o ambiente onde pessoas interagem, disputam reconhecimento e aprendem umas com as outras. A Loja Maçônica é um desses campos: nela, o irmão aprende com os mais experientes, se inspira nos exemplos e se compromete com os princípios do grupo. O Mestre Carlos Alberto da Silva mostra que essa convivência o ajudou a amadurecer como ser humano, ganhando responsabilidade, disciplina e sabedoria.

 

Conclusão: um caminho de construção pessoal e coletiva

À luz de Pierre Bourdieu, podemos dizer que o caminho do Carlos Alberto da Silva é um exemplo de como a Maçonaria atua como uma escola de formação do caráter e do espírito, usando símbolos, rituais e fraternidade para transformar o homem por dentro — e, a partir disso, ajudar a melhorar o mundo ao seu redor.

Ele não se tornou perfeito, mas passou a caminhar com consciência, humildade e fé. E como Bourdieu nos lembra: é no dia a dia, no contato com os outros, que mostramos quem realmente somos. E é justamente aí que o verdadeiro maçom se revela.

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