Minha Jornada Maçônica: Do Aprendiz ao Grau 4
Quando
entrei para a Maçonaria, em 20 de junho de 2022, iniciei minha jornada no grau
de Aprendiz. Desde o início, percebi que o foco estava muito voltado para
dentro de mim: no autoconhecimento, na disciplina e, principalmente, no
silêncio. Eu precisava observar mais, escutar com atenção e aprender com
humildade. Era como se eu estivesse começando a enxergar um mundo novo, um
mundo simbólico, mas com reflexos profundos na vida real.
Entre
os diversos ensinamentos e símbolos que me foram apresentados, um dos que mais
provocou transformação em mim foi o exercício de esperar o momento certo de
falar e, mais ainda, pensar melhor antes de falar. Essa prática, embora simples
à primeira vista, representou uma verdadeira lapidação na minha pedra bruta.
Foi assim que entendi que o silêncio não é ausência, mas preparação. Ali
começava, de forma concreta, a minha busca contínua por me tornar alguém melhor,
para mim, para os meus irmãos e para o mundo ao meu redor.
Com
o tempo, avancei para o segundo grau, o de Companheiro. Já mais familiarizado
com as simbologias, os ensinamentos e a linguagem maçônica, comecei a me sentir
mais confiante para me expressar e participar com mais intensidade das sessões.
Passei a trocar experiências, a compartilhar o que vinha aprendendo e,
principalmente, a compreender com mais profundidade o que cada símbolo
representava, não apenas dentro da Loja, mas dentro de mim e na forma como eu
me posicionava no mundo profano.
Foi
nesse grau que comecei a desbravar de fato a simbologia, buscando interpretar o
que cada ensinamento queria dizer para minha jornada pessoal. O grau de
Companheiro me despertou para um conhecimento mais técnico, mais analítico,
mais voltado ao entendimento do funcionamento da obra que estamos todos
ajudando a construir. Como dizem as Escrituras, deixei de ser apenas um
observador e passei a caminhar ao lado dos Irmãos, contribuindo ativamente com
o trabalho coletivo e me reconhecendo como uma parte essencial da engrenagem.
Depois,
alcancei o terceiro grau, o de Mestre Maçom. Esse foi um momento marcante e
transformador na minha caminhada. Eu já havia passado por um profundo processo
de autoconhecimento como Aprendiz e compartilhado vivências ricas como
Companheiro. Agora, chegava o momento de olhar para a vida com ainda mais
consciência e responsabilidade.
Neste
grau, fui convidado a refletir sobre questões mais elevadas e complexas: o
tempo, a existência, a espiritualidade, a continuidade da vida e até mesmo
sobre a morte, não como um fim, mas como parte de um ciclo. É um grau que nos
convida a enxergar além do visível, com maturidade, serenidade e compromisso.
Assumi
responsabilidades maiores, tanto dentro da Ordem quanto na minha conduta fora
dela. Compreendi que ser Mestre não é apenas alcançar um novo patamar, mas sim
reconhecer que, a partir daí meu papel também passa a ser o de orientar, apoiar
e inspirar outros irmãos em suas jornadas. Afinal de contas, quem compartilha
conhecimento, aprende duas vezes, e é nesse ciclo de ensinar e continuar
aprendendo que seguimos evoluindo.
Agora,
tendo adentrado há poucos dias ao Grau 4 da Maçonaria, o de Mestre Secreto,
posso afirmar que essa iniciação representou muito mais do que um avanço
ritualístico. Foi, na verdade, um chamado profundo à introspecção, ao silêncio
consciente e à responsabilidade moral ainda mais elevada.
Este
novo grau me convida a mergulhar em reflexões mais sutis, a compreender com
mais maturidade o valor do segredo, da vigilância interior e da coerência entre
o que se aprende e o que se pratica. É uma nova etapa onde a luz simbólica se
torna ainda mais precisa, e cada ensinamento exige de mim não apenas
compreensão, mas transformação verdadeira.
Minhas
expectativas agora são voltadas ao aprimoramento contínuo, quero buscar o
melhor de mim, não apenas como maçom, mas como homem, irmão, cidadão e servidor
da verdade. Tenho plena consciência de que cada novo grau não é um ponto de
chegada, mas um ponto de partida para uma caminhada ainda mais rica em
aprendizado, serviço e responsabilidade.
O
Grau 4 abre diante de mim um novo horizonte de conhecimento e vivência, e
recebo essa nova etapa com humildade, gratidão e o firme propósito de honrar os
valores que me foram confiados desde o início da minha jornada.
Sigo
em frente, como eterno Aprendiz, sabendo que o verdadeiro crescimento acontece
quando nos dispomos a evoluir por dentro, com sinceridade, respeito e retidão.
Wendell Chaves Viana – Mestre
Secreto
Breve Consideração
Por Hiran de Melo
Ao
ler o relato de Wendell Chaves Viana sobre sua caminhada iniciática, do
Aprendiz ao Grau 4 da Maçonaria, é inevitável sentir que não se trata apenas de
uma descrição de graus ou de ritos cumpridos — mas de uma travessia pessoal,
interior, onde o tempo deixa de ser cronológico e passa a ser vivido em
profundidade.
Logo
no início de sua jornada, ele descobre o valor do silêncio. Um silêncio que,
longe de ser ausência, revela-se como uma escuta ativa, uma pausa carregada de
significado. Aqui, podemos lembrar das palavras de Martin Heidegger, que
compreendia o ser humano como um “ser lançado no mundo”, sempre em busca de
sentido, sempre em construção. Na Maçonaria, esse “lançamento” se torna
consciente: é o momento em que o homem inicia o processo de olhar para si mesmo
com honestidade e coragem. Não é mais possível viver no automático.
No
grau de Companheiro, ele deixa de ser apenas observador e passa a participar
mais ativamente, compreendendo que os símbolos falam não só da tradição, mas
também de si mesmo. Nessa etapa, há uma virada importante: o autoconhecimento começa
a se conectar com a ação. E isso se alinha ao que o filósofo Oswaldo Giacóia
destaca em suas reflexões sobre a existência autêntica — que não basta
compreender, é preciso assumir responsabilidade por aquilo que se compreende. A
Maçonaria, aqui, cumpre esse papel vital: ela não apenas revela verdades, mas
exige que elas sejam vividas.
Ao
alcançar o grau de Mestre Maçom, Wendell reflete sobre o tempo, a morte, a
continuidade da vida — temas que exigem maturidade e serenidade. É um momento
de elevação real, pois envolve aceitar que há mais perguntas do que respostas,
e que algumas respostas só chegam através da experiência, do serviço e da
entrega.
Já
no Grau 4, o de Mestre Secreto, o silêncio retorna, mas agora com outra
densidade. Já não é apenas preparação, mas um espaço sagrado de vigilância
interior. O segredo aqui não é algo a ser escondido, mas algo a ser protegido e
vivido. A luz simbólica se afina, e com ela a exigência de coerência entre o
que se aprende e o que se pratica. Esse é o ponto onde o saber se transforma em
sabedoria.
O
texto, em sua simplicidade e sinceridade, traduz algo essencial: cada grau não
é uma medalha ou um título, mas um novo ponto de partida. Uma nova oportunidade
de se comprometer com valores mais altos, de servir com mais consciência, de
viver com mais inteireza.
Ao
final da leitura, sentimos que Wendell não apenas subiu degraus rituais, mas
que, a cada passo, tornou-se um pouco mais inteiro. E essa talvez seja a
verdadeira medida de qualquer caminho iniciático: não o quanto sabemos, mas o
quanto nos tornamos.
Anexo:
A imagem
alternativa ilustra a jornada maçônica através de uma progressão simbólica
por diferentes paisagens, cada uma representando um grau:
Ø Aprendiz (Koud The Degree): No canto
inferior esquerdo, um caminho florestal escuro e tranquilo leva a uma
figura solitária sentada num tronco, olhando pensativamente para uma pedra
bruta iluminada por um raio de luz, simbolizando introspecção e o início do
aprendizado.
Ø Companheiro (Fellowcraft): Acima, a
cena se abre para um sítio de construção ensolarado, onde duas figuras
colaboram em uma estrutura de pedra, com ferramentas espalhadas, representando
trabalho conjunto e uma compreensão mais profunda dos símbolos.
Ø Mestre Maçom (Master Mason): No canto
superior direito, uma figura segura e confiante está no topo de uma montanha
ao amanhecer, observando o ciclo do sol e da lua no horizonte, simbolizando
maturidade e a compreensão das complexidades da vida.
Ø Mestre Secreto (Degree 4): No canto
inferior direito, o caminho termina numa clareira isolada e iluminada na
floresta, onde um símbolo de olho brilhante repousa sobre um pedestal,
enfatizando a introspecção e uma responsabilidade moral elevada.
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