O Altar dos Juramentos no Grau 9 – Cavaleiro Eleito dos IX
No coração da Loja, o Altar
dos Juramentos ergue-se como centro simbólico e espiritual do Grau 9. Revestido
por um pano negro com lágrimas prateadas, representa a Câmara Mortuária — o
luto pela morte do Mestre Hiram Abiff, arquiteto do Templo de Salomão e arquétipo
do maçom perfeito. As lágrimas prateadas não são apenas ornamentos: expressam o
sofrimento pela perda da sabedoria, da virtude e da integridade que Hiram
encarnava.
Neste grau, não encontramos
apenas uma narrativa de vingança, mas uma profunda lição de justiça moral. O
Cavaleiro Eleito dos IX é aquele que, diante da traição e da desordem, escolhe
a retidão e a coragem como resposta.
Elementos do Altar: Símbolos da Verdade e da Justiça
O Livro Sagrado (Pentateuco)
repousa sobre o Altar como guia da conduta moral. Representa a verdade
espiritual revelada, a vontade do Criador e a base dos valores que o maçom deve
defender — especialmente a justiça e a verdade, que são o eixo central deste
grau.
Os Estatutos e Constituições
da Ordem estão presentes como expressão da lei e da ordem. Lembram que a
liberdade maçônica não é anarquia, mas responsabilidade. O iniciado é chamado a
viver sob o pacto da retidão, com coragem para corrigir injustiças e sabedoria
para discernir o justo.
Duas espadas e um punhal são
dispostos como instrumentos de ação e sacrifício. Na lenda do grau, Johaben
executa um dos conspiradores que assassinaram Hiram. Esse ato não deve ser
visto como vingança cega, mas como símbolo da luta contra os vícios, as paixões
desordenadas e a ignorância — os verdadeiros assassinos do espírito humano.
Luzes e Juramento: A Consciência em Vigília
O Altar é cercado por nove
grandes luzes, sendo duas amarelas que o iluminam diretamente. Oito delas
formam um octógono, e a nona está posicionada entre o octógono e o Oriente.
Juntas, representam os nove Mestres — figuras cabalísticas como Stolkin e Zabud
— que buscaram os assassinos de Hiram e, simbolicamente, o poder da divindade.
É diante dessas luzes que o
postulante faz seu juramento. Não se trata de um simples compromisso formal,
mas de um pacto profundo com a verdade, a justiça e o silêncio sagrado dos
mistérios. A violação desse juramento implica punições simbólicas severas — não
como ameaça, mas como alerta para a gravidade do compromisso assumido.
Sacrifício e Aperfeiçoamento: A Missão do Cavaleiro
O Grau 9 ensina que o
verdadeiro combate não é contra homens, mas contra as imperfeições que habitam
em nós. O sacrifício exigido é interno: confrontar nossas paixões, vencer
nossos vícios, iluminar nossa ignorância. O Cavaleiro Eleito dos IX é aquele
que, mesmo em meio à escuridão, busca as luzes necessárias para se tornar um
ser melhor — e, assim, corrigir as injustiças do mundo.
A Luz que Vence a Sombra
Este grau é um chamado à
ação ética. O Altar dos Juramentos não é apenas um local de rito — é um espaço
de transformação. Que possamos viver com coragem, servir com justiça e buscar a
verdade com integridade. Que as lágrimas prateadas não sejam derramadas por
oportunidades perdidas, mas por vitórias silenciosas sobre nós mesmos.
Inacio Loiola Campos Cavalcanti
Breve Consideração
Por Hiran de Melo
O Altar dos Juramentos: um
chamado à verdade interior
O texto “O Altar dos
Juramentos no Grau 9 – Cavaleiro Eleito dos IX” pode ser visto como uma
reflexão profunda sobre o ser humano, a verdade e o sacrifício. Inspirado pelas
ideias do filósofo Martin Heidegger e pela leitura sensível de Giacóia, ele nos
convida a olhar para dentro e reconhecer o que há de mais autêntico em nós.
O Altar como espaço de
revelação
No centro da Loja, o Altar
não é apenas um objeto simbólico — é um lugar onde o ser se revela. O pano
negro e as lágrimas prateadas falam de luto, mas também de consciência. A morte
de Hiram representa mais do que uma perda: é um alerta sobre nossa finitude e a
responsabilidade de viver com sentido.
O juramento feito ali não é
só uma formalidade. É um compromisso silencioso com o mistério, com aquilo que
não se explica facilmente, mas que se sente. É escutar o que está além das
palavras.
Justiça como escolha
consciente
Neste grau, a justiça não é
vingança. É uma resposta firme diante da traição e da desordem. O Cavaleiro
Eleito dos IX escolhe a retidão não porque alguém manda, mas porque sabe que é
o certo. Ele age com coragem, guiado pela verdade e pelo cuidado com o mundo.
Os instrumentos no Altar — o
punhal e as espadas — não representam violência, mas ação consciente. São
símbolos da luta contra a ignorância, os vícios e as paixões que nos afastam de
quem realmente somos.
Sacrifício e luz: o
combate interior
O verdadeiro combate não é
contra outros homens, mas contra nossas próprias fraquezas. O sacrifício pedido
aqui é interno: vencer os impulsos, iluminar a mente, buscar o equilíbrio. O
Cavaleiro retorna ao Altar para reencontrar o sentido e renovar seu compromisso
com a verdade.
As luzes ao redor do Altar
representam esse caminho. A nona luz, entre o octógono e o Oriente, aponta para
algo maior — o mistério divino que nos inspira a seguir adiante com fé e
sabedoria.
Silêncio que fala
O silêncio do juramento é
cheio de significado. Não é vazio, mas cheio de presença. Ele nos lembra que há
coisas que só podem ser compreendidas com o coração atento. A punição simbólica
por quebrar esse pacto não é ameaça, mas sinal da seriedade do compromisso
assumido.
As lágrimas prateadas são o
luto pela sabedoria perdida, mas também o brilho da esperança — a chance de
reencontrar o caminho e seguir com mais clareza.
O Cavaleiro como exemplo
de transformação
Este grau é um convite à
ação ética. O Altar dos Juramentos é mais do que um lugar de rito: é um espaço
de mudança. O Cavaleiro Eleito dos IX representa aquele que escolhe viver com
coragem, servir com justiça e buscar a verdade com integridade.
Ele escuta o chamado do ser
e responde com transformação — não para ser perfeito, mas para ser verdadeiro.
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