O Grau 9 e a Arte de Construir a Si Mesmo
Meu irmão o que EU senti e
minha expectativa quanto a minha iniciação no Grau 9.
Primeiro, devo dizer que,
nos momentos que antecederam a cerimônia, fiquei muito apreensivo — mesmo
sabendo que tudo nos conduz a um instante de profunda reflexão sobre o ser
humano. É aí que o emocional se manifesta, por estarmos vivendo um momento
único e repleto de sabedoria em nossas vidas.
É quando percebemos que é
necessária toda uma construção para o ser humano, desde a obediência emocional
até o despertar de uma consciência existencial. O que vivemos naquele instante
nos permite compreender que é preciso nos tornarmos mais sábios e construir uma
sociedade com mais consciência. Foi então que senti que ainda não estamos
preparados para um crescimento pleno e para a edificação de um templo perfeito
para nossa existência entre irmãos.
E foi nesse momento que
percebi: devemos manter uma consciência de construção constante, em todos os
tempos.
Somente com o amadurecimento
da consciência e com um espírito verdadeiramente construtivo é que podemos
alcançar a obediência e viver em união com todos.
Severino Silva Tatá
Breve Consideração
Por Hiran de Melo
O texto apresentado é mais
do que um relato pessoal sobre a iniciação no Grau 9 — é uma meditação sobre o
processo de tornar-se humano em sua plenitude. A experiência narrada revela um
caminho de transformação interior, onde o ritual maçônico funciona como um
espelho da própria existência. E é justamente nesse ponto que podemos aproximar
o pensamento do Mestre Tatá ao de dois filósofos que trataram da construção do
ser: Martin Heidegger e Oswaldo Giacóia Jr.
O Ser em Construção
Heidegger dizia que o ser
humano não é algo pronto, mas um “ser-em-vir-a-ser”. Ou seja, estamos sempre em
processo, em construção. O texto reflete isso com clareza: o Mestre Tatá não se
apresenta como alguém que “chegou” ao Grau 9, mas como alguém que está sendo
moldado por ele. A apreensão antes da cerimônia não é medo — é sinal de que
algo profundo está prestes a acontecer. É o momento em que o emocional se
mistura com o existencial.
Giacóia, ao interpretar
Heidegger, reforça que a existência humana exige uma abertura constante ao
sentido. E é exatamente isso que o Mestre Tatá vive: ele percebe que a
iniciação não é apenas um rito, mas uma convocação à consciência. A frase
“devemos manter uma consciência de construção constante” ecoa essa ideia —
viver é construir-se, dia após dia.
Obediência e
Consciência
Outro ponto marcante é a
relação entre obediência e consciência. O texto não trata a obediência como
submissão cega, mas como fruto de uma consciência amadurecida. Isso é profundamente
filosófico: só obedece com sabedoria quem compreende o valor da ordem e da
união. A Maçonaria, nesse contexto, aparece como um espaço onde essa construção
é possível — onde o indivíduo é lapidado como uma pedra bruta que busca se
tornar perfeita.
União como Projeto
Existencial
Por fim, o texto aponta para
a união entre irmãos como resultado dessa construção interior. Não se trata de
convivência superficial, mas de uma comunhão que nasce da consciência
compartilhada. A sociedade mais consciente que o Mestre Tatá deseja não é
utopia — é projeto. E esse projeto começa dentro de cada um, como bem mostra
sua experiência no Grau 9.
Uma metáfora da vida
A iniciação descrita é, na
verdade, uma metáfora da vida: cheia de apreensões, revelações e descobertas.
Ao se abrir para o ritual, o autor se abriu para si mesmo. E ao perceber que
ainda não estamos prontos, ele nos lembra que o verdadeiro trabalho maçônico é
contínuo — construir o templo não apenas com pedras, mas com consciência.
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