O RETIRAR DAS VENDAS
Meu
Ir∴ Hiran de Melo,
Venho
por meio desta manter viva uma tradição escrita e confessar um fato pessoal.
Nesta segunda-feira, 11 de agosto de 2025, completei três anos de iniciado
nesta excelsa Loja de Perfeição, como Mestre Secreto.
Recordo-me
também da passagem que me levou do mundo profano ao maçônico, onde conheci este
Templo, da Loja Simbólica Regeneração Campinense, onde iniciado dei os meus
primeiros passos no Grau de Aprendiz. Eu ainda não entendia plenamente o
caminho, mas senti que algo dentro de mim havia sido despertado.
No
rito de passagem de cada grau, novas luzes se acenderam, mas confesso que, como
Mestre, fui iniciado nos graus superiores cedo demais. Não tive o tempo e o
preparo necessários para compreender a profundidade da lenda, e permaneci, por
muito tempo, com vendas que não caíram todas no dia da iniciação.
Com
cada nova iniciação, fui tirando pouco a pouco essas vendas. Descobri que a
visão não vem de uma só vez; ela se abre aos poucos, conforme a alma está
pronta para ver.
A
transformação mais profunda veio ao descer simbolicamente ao túmulo no Grau de
Mestre. Mesmo sem estar totalmente preparado, senti o peso da morte simbólica e
o chamado para um novo viver. Como Mestre Secreto, entendi que o verdadeiro
segredo não está nas palavras, mas no trabalho interior de quem aprende a
guardar e proteger a Verdade.
Assim,
meu Ir∴, hoje entendo que a Maçonaria é um caminho contínuo,
onde cada grau é um
degrau na escada que leva da terra ao Oriente Eterno. Ainda retiro vendas,
ainda lapido a pedra, ainda busco a Luz. E mesmo tendo começado superiores
precoce, aprendi que o tempo do espírito é diferente do tempo do calendário, e
que o mais importante é seguir avançando, passo a passo, das trevas para a Luz
que não se apaga.
Hugo Rafael Belarmino da Silva
– Mestre Secreto
Breve Consideração
Por Hiran de Melo
O marco da memória
A
abertura é um gesto de gratidão e reconhecimento, onde a narrativa pessoal se
mistura à solenidade do tempo. O Mestre Hugo não apenas registra a data de seu
ingresso na Loja de Perfeição, mas evoca a memória como ritual: o tempo
cronológico é marcado, mas o que se celebra é o tempo interior — aquele que
sedimenta vivências e lições. Aqui, a lembrança não é estática; é chama mantida
acesa para iluminar o presente.
O despertar inicial
O
ingresso na Loja Simbólica surge como um nascimento espiritual. Há a confissão
de não compreender plenamente o caminho, mas de sentir um despertar interior.
Essa percepção embrionária remete à ideia de que a verdade não é imposta, mas
sentida, como uma intuição primeira que antecede a compreensão racional.
A pressa e suas consequências
Ao
narrar a ascensão rápida aos graus superiores, Mestre Hugo revela uma tensão: o
avanço formal não acompanhou a maturação interna. As vendas simbólicas permaneceram,
denunciando que a iniciação não é um evento, mas um processo. Aqui, percebe-se
a lição silenciosa de que a pressa, no caminho espiritual, pode atrasar mais do
que adiantar.
A visão gradual
A
metáfora das vendas retiradas aos poucos é o ponto de inflexão do texto. A
revelação não é instantânea, pois a alma tem seu próprio ritmo. Esse pensamento
ecoa o que Friedrich Nietzsche apontava sobre a necessidade de “amadurecer para
a verdade” — não é ela que se oculta, mas nós que ainda não temos olhos para
vê-la.
A morte simbólica e o segredo
O
descenso simbólico ao túmulo no Grau de Mestre é descrito com peso e
reverência. A morte simbólica aqui não é fim, mas passagem: abandonar o velho
para abrir espaço ao novo. O segredo, descoberto como Mestre Secreto, deixa de
ser um código verbal para tornar-se um trabalho silencioso de guarda interior —
uma fortaleza da Verdade que não depende de palavras, mas de postura.
O caminho contínuo
A
conclusão é um cântico de perseverança. A Maçonaria é vista como escada, não
como porta única. As vendas continuam a cair, a pedra continua a ser lapidada,
e a Luz continua a ser buscada. O tempo do espírito, diferente do calendário,
lembra que a jornada é mais importante que a chegada, e que a verdadeira
vitória é manter o passo firme na direção da Luz.
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