Um Breve Testemunho

 

A iniciação no grau de mestre secreto me recordou a passagem de profano a aprendiz, embora o ritual sendo coletivo, mas a sensação foi individual, momento de reflexão por trás da venda, uma visita ao eu interior, tornando um momento especial de reflexão e de autoanálise. Muito marcante.

 

Otaviano – Mestre Secreto

Breve Consideração

Por Hiran de Melo

 

Amado Irmão e Mestre,

 

O breve testemunho traz consigo a chama viva da primeira emoção, mas essa chama parece contida, como se não ousasse iluminar plenamente os contornos do vivido. O iniciado nos fala da recordação, da venda, da interioridade, mas sua palavra se encerra em brevidades, como quem teme desnudar por inteiro a profundidade do instante.

 

Há aqui o valor de um registro sincero, mas falta-lhe o sopro que transforme a lembrança em narrativa partilhada, capaz de transportar o leitor ao mesmo lugar de silêncio e revelação. A iniciação não é apenas reflexo — é também ressonância, eco que reverbera no templo da alma.

 

Louis Antoine Travenol nos ensinou que cada rito guarda um feixe de símbolos que precisa ser desdobrado, como se cada véu removido revelasse não apenas o interior do iniciado, mas também o horizonte mais amplo da tradição que o acolhe. Neste sentido, o relato do Mestre Otaviano poderia expandir-se, deixando que as imagens — a venda, a reflexão, o eu interior — ganhem corpo, cor e peso simbólico.

 

Ainda assim, há beleza na simplicidade: a palavra “marcante” soa como um selo discreto, mas verdadeiro. Talvez o passo seguinte seja transformar esse selo em escritura mais aberta, para que o leitor não apenas saiba que foi marcante, mas sinta, junto contigo, o pulsar do momento.