A Virtude como Caminho: Reflexões Maçônicas sobre a Moralidade
Intrínseca
Por
Neemias Ximenes - Mestre Secreto
A
filosofia maçônica, marcada por símbolos densos e ensinamentos esotéricos desde
o início da jornada simbólica que propõe uma profunda reflexão sobre os
fundamentos da moralidade e da convivência humana.
Elementos
como a corda de 81 nós, a idade simbólica do Mestre Secreto e o paradigma do
“bom por ser bom” revelam uma visão ética que transcende a vigilância externa e
aponta para a construção de uma virtude interior, autêntica e consciente. Esses
símbolos não apenas representam estágios de desenvolvimento espiritual, mas
também oferecem uma crítica sutil à superficialidade das normas sociais baseadas
em punições e recompensas.
A
corda de 81 nós, presente nos templos maçônicos, é mais do que um ornamento
ritualístico simbólico. Ela simboliza a interdependência entre os irmãos e a
necessidade de união fraternal. Cada nó representa um elo de solidariedade, e
sua disposição em forma de infinito sugere a continuidade da obra moral e
espiritual que os maçons se propõem a realizar.
Esse
símbolo reforça a ideia de que a construção de uma sociedade justa depende da
manutenção de laços sinceros, pautados pelo respeito mútuo e pela cooperação.
A
idade do Mestre Secreto, representada simbolicamente pelos 81 anos, não se
refere à cronologia, mas à maturidade espiritual. Esse grau da Maçonaria exige
do iniciado a capacidade de guardar segredos, cultivar a fidelidade e alcançar
discernimento. Trata-se de uma metáfora para o autoconhecimento e para a
sabedoria que se conquista com esforço interior. Ao atingir esse estágio, o
indivíduo torna-se apto a compreender que a verdadeira
moralidade não depende de regras impostas, mas de uma convicção
profunda sobre o valor da virtude.
É
nesse ponto que se insere o paradigma do “bom por ser bom”. Em contraste com
sistemas éticos que se apoiam na fiscalização e na punição, essa proposta
defende que a bondade deve ser uma escolha livre, motivada por um senso interno
de justiça. Tal ideia encontra eco na filosofia estóica e na ética kantiana,
que valorizam a virtude como bem supremo e o dever como expressão da razão. Na
Maçonaria, esse ideal é cultivado como meta última: formar indivíduos que agem
corretamente não por medo, mas por consciência.
Portanto,
os símbolos maçônicos analisados convergem para uma mesma mensagem: a
excelência humana reside na capacidade de agir moralmente por convicção
própria. A corda de 81 nós ensina a importância da fraternidade; a idade do
Mestre Secreto aponta para a sabedoria interior; e o paradigma do bem
intrínseco desafia a sociedade a repensar seus mecanismos de controle. Juntos,
esses elementos propõem uma ética elevada, onde a virtude não é um dever
imposto, mas uma expressão livre daquilo que há de melhor em cada ser humano.
Breves considerações
Por Hiran de Melo
O
texto do Mestre Neemias Ximenes nos conduz por uma travessia simbólica, onde os
elementos da tradição maçônica — a corda de 81 nós, a idade do Mestre Secreto e
o ideal do “bom por ser bom” — deixam de ser apenas figuras rituais e se
revelam como expressões vivas de uma jornada existencial. Mais do que
ensinamentos esotéricos, esses símbolos apontam para uma ética que nasce do
interior, uma forma de ser que busca autenticidade, presença e sentido.
Inspirado
por pensadores como Jean-Yves Leloup e Martin Heidegger, o texto propõe uma
espiritualidade que não se afasta do mundo, mas o habita com lucidez. A
verdadeira moralidade, nesse olhar, não se constrói por imposição externa, mas
pelo encontro com o essencial — aquilo que se revela quando silenciamos o ruído
das convenções e escutamos a voz da consciência desperta.
A
corda de 81 nós, presente nos templos maçônicos, é símbolo dessa interconexão
profunda entre os seres. Cada nó representa um elo de solidariedade, um convite
à copresença e ao cuidado mútuo. Disposta em forma de infinito, ela sugere que
a obra moral e espiritual é contínua, sem fim, feita de gestos simples que se
tornam sagrados. A fraternidade, nesse contexto, não é apenas um valor ético,
mas uma experiência mística: reconhecer no outro o mesmo mistério que nos
habita.
A
idade simbólica do Mestre Secreto — 81 anos — não fala de tempo cronológico,
mas de maturidade espiritual. Representa o ser que aprendeu a guardar,
contemplar e discernir. É o silêncio fecundo que permite à sabedoria emergir,
não como acúmulo de saberes, mas como aceitação do mistério e coragem de
permanecer diante do não-saber. Esse grau da Maçonaria convida o iniciado a
tornar-se guardião de si mesmo, a cultivar fidelidade e a agir com
discernimento.
O
paradigma do “bom por ser bom” é talvez o mais provocador. Ele desafia os
sistemas éticos baseados em punições e recompensas, propondo uma bondade que
brota da liberdade interior. Agir com retidão não por medo, mas por fidelidade
ao que se reconhece como verdadeiro, é sinal de uma consciência desperta. É a
virtude como expressão do ser, não como adorno da aparência. A ética aqui não
se impõe — ela se oferece, se revela, se escolhe.
Ao
reunir esses símbolos, o texto propõe uma ética elevada, onde a virtude não é
um dever imposto, mas uma resposta ao chamado do ser. É um convite à
transformação, à iluminação do caminho, à inspiração que nasce do exemplo vivo.
Que cada gesto seja uma semente, cada escolha uma luz, e cada vida uma obra em
movimento — feita não para impressionar, mas para revelar o melhor de nós
mesmos.
Comentários
Postar um comentário