O verdadeiro iniciado não se mede pelo grau que ostenta, mas pela
luz que compartilha
Por
Rafael Fernandes da Silva Júnior - Mestre
Secreto
1. INTRODUÇÃO
A iniciação na Maçonaria vai
muito além de um ritual; é um convite a olhar para dentro de si e buscar
crescimento pessoal. Como destaca Ismail (2017), “a iniciação é o início de um
caminho, não a sua conclusão”. Ter um determinado grau é apenas uma etapa simbólica,
e não significa que alguém já tenha toda a sabedoria. O que realmente importa é
como aplicamos os ensinamentos no dia a dia, refletindo virtudes e integridade
na nossa conduta e fidelidade maçônica.
2. O SIMBOLISMO DA LUZ
A luz é um dos símbolos mais
fortes da Maçonaria. Ela representa conhecimento, consciência e fraternidade.
Receber a luz é um chamado para compartilhar aprendizados, ajudar os irmãos e
inspirar pelo exemplo. Como ensina Pike (1871), “a luz que guardamos para nós
mesmos se apaga; aquela que espalhamos ilumina eternamente”. Ou seja, quanto
mais compartilhamos, mais ela cresce e permanece acessa para sempre.
3. A ARMADILHA DA
VAIDADE RITUALÍSTICA
É fácil confundir títulos e
graus com evolução pessoal. De forma análoga ao Simbolismo da Luz, “o título
sem conhecimento é uma lâmpada apagada”. O verdadeiro iniciado não se mede pelo
que ostenta; ele sabe que ostentar sem vivência é como usar ferramentas sem
saber para que servem. A Maçonaria não busca vaidade, mas o trabalho constante
de aprimorar o Templo Interior.
No grau de Mestre Secreto,
Ismail (2020), a fidelidade faz parte da moral do grau entendemos essa
fidelidade como o dever de servir e para servir não é necessário saber de tudo,
mas devemos compartilhar a luz para a construção do templo interior, lembrando
que a responsabilidade do iniciado cresce à medida que avança nos graus, e que
o segredo e a confiança devem ser cultivados com sabedoria pois, A Maçonaria
não de ser um especo de vaidades, mas um ambiente de crescimento continuo e que
cada ação de servir ao bem coletivo.
4. A PRÁTICA DA
FRATERNIDADE COMO MEDIDA REAL
Fraternidade é mais do que
palavras: é ação. O verdadeiro iniciado compartilha luz com empatia, com
atenção e pelo exemplo. Ele não se impõe, mas inspira. Sua autoridade vem das
atitudes, não de títulos ou insígnias. O
exemplo e as boas obras brilham mais que palavras.
5. CONCLUSÃO: A LUZ
COMO LEGADO
O grau é apenas um degrau; a
luz é o legado que deixamos. O verdadeiro iniciado será lembrado não pelo que
conquistou, mas pelo que iluminou. Cada gesto, cada palavra justa, cada ação
fraterna é a forma de perpetuar os valores da Maçonaria. Que possamos sempre
ser transmissores de luz, fortalecendo nossa Ordem e a sociedade como um todo.
Que assim seja!
Breves considerações
Por Hiran de Melo
Falar
sobre iniciação é, para mim, falar de vida. Não de títulos, nem de símbolos externos,
mas daquilo que realmente nos transforma por dentro.
“O verdadeiro iniciado não se mede pelo grau
que ostenta, mas pela luz que compartilha.” Essa frase, que dá título ao texto
do Mestre Rafael Fernandes da Silva Júnior, é mais do que uma reflexão sobre a
Maçonaria — é um convite à transformação interior, à vivência autêntica e ao
testemunho silencioso que inspira. À luz dos pensamentos de Jean-Yves Leloup e
Martin Heidegger, somos conduzidos a uma jornada que transcende títulos e
rituais, e nos chama a habitar o mundo com presença, sentido e serviço.
Iniciação: o começo de uma travessia
A iniciação não é um ponto de chegada, mas o início de uma travessia. Ela marca
o momento em que o ser começa a se perguntar sobre si mesmo, rompendo com a
superficialidade das aparências. Leloup fala da “descida ao centro”, enquanto
Heidegger nos convida à escuta do ser. Em ambos, há o mesmo chamado: sair do
automatismo e entrar na consciência. O grau, nesse contexto, não é um troféu,
mas um símbolo de responsabilidade e serviço.
A luz que se compartilha é a que
permanece
Na tradição maçônica e na espiritualidade, a luz representa mais do que
conhecimento — ela é presença, clareira, desvelamento. É o brilho que nasce
quando o ego se aquieta e o ser se torna canal do divino. Guardá-la para si é
apagá-la; compartilhá-la é perpetuá-la. O iniciado que oferece sua luz permite
que outros também se encontrem, que outros também se iluminem. É um gesto de
abertura, não de domínio.
Vaidade: o esquecimento do ser
Ostentar títulos sem vivência é como vestir um manto vazio. A vaidade
ritualística é uma armadilha que transforma o caminho iniciático em palco.
Leloup nos lembra que “o que é verdadeiro não precisa ser provado, apenas
vivido”, e Heidegger alerta para o risco de viver na inautenticidade, preso a
papéis e representações. O verdadeiro iniciado não se perde no jogo das aparências;
ele se dedica à construção silenciosa do seu Templo Interior — que é, em última
instância, o cuidado com o próprio ser.
Fraternidade: ser-com que transforma
Fraternidade não é discurso, é ação. É no encontro com o outro que o ‘eu’ se
revela e se transforma. O iniciado que compartilha luz com empatia vive essa
relação de forma autêntica, não como imposição, mas como presença que inspira.
Sua autoridade não vem do que possui, mas do modo como é. Ele não se impõe —
ele ilumina.
Legado: rastros de autenticidade
O grau é apenas um degrau; a luz é o legado. O iniciado que vive com
autenticidade deixa rastros de sentido, não de glória. Seu testemunho não está
nas insígnias, mas nas atitudes. O que permanece não é o que se constrói com as
mãos, mas o que se acende no coração dos outros. Seu legado é invisível, mas
eterno.
Este
é um chamado à vida em movimento, à existência que se revela no servir, no
escutar, no compartilhar. Que cada gesto nosso seja uma centelha, e cada
silêncio, uma revelação. Que sejamos transmissores de luz — não para brilhar
sozinhos, mas para iluminar caminhos.
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