Uma Análise Comparativa

Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região

0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR

FUNDADA EM 11 DE ABRIL DE 1972

CAMPINA GRANDE -  PARAÍBA

 

Grau 4 – Mestre Secreto: Uma Análise Comparativa entre Albert Pike e Nicola Aslan

 

O Grau 4 do Rito Escocês Antigo e Aceito, chamado Mestre Secreto, é o ponto de partida dos chamados Graus Inefáveis, que vão do 4 ao 14. Esse grau marca uma mudança significativa na jornada do maçom: a passagem dos ensinamentos simbólicos para um caminho mais esotérico, filosófico e interior.

 

Tanto Albert Pike, grande nome do REAA nos Estados Unidos, quanto Nicola Aslan, referência no Brasil, ofereceram interpretações profundas sobre o significado deste grau. Embora vindos de contextos culturais diferentes, suas visões dialogam e se complementam, cada uma enfatizando aspectos essenciais da jornada maçônica.

 

O Mestre Secreto segundo Nicola Aslan

 

Nicola Aslan vê o Grau 4 como o início da verdadeira iniciação esotérica (*). Para ele:

 

O maçom deixa de buscar apenas fora de si e começa uma jornada de autoconhecimento e interiorização.

 

O Mestre Secreto é um guardião simbólico do túmulo de Hiram Abiff, o que significa que ele agora tem a missão de proteger os valores, princípios e segredos espirituais da Maçonaria.

 

A ênfase está na ética, vigilância sobre si mesmo, humildade e no compromisso com a Verdade.

 

Os símbolos do grau — como a cor preta (luto e silêncio), a espada, a chave e o Delta com o Yod — são vistos como chaves para a reflexão interior e o início da iluminação espiritual.

 

Em resumo, para Aslan, o Grau 4 representa um marco iniciático em que o maçom começa a desenvolver sua vida espiritual de forma mais consciente e disciplinada.

 

O Mestre Secreto segundo Albert Pike

 

Em Morals and Dogma, Albert Pike interpreta o Grau 4 como o primeiro passo na verdadeira compreensão dos mistérios divinos. Para Pike:

 

O segredo que o Mestre Secreto deve guardar não é externo, mas espiritual. O segredo é a própria sabedoria divina, que não pode ser ensinada, apenas vivida e experimentada.

 

Hiram Abiff representa o Mestre Interior que habita em cada homem. Guardar seu túmulo significa preservar a integridade moral e espiritual dentro de si mesmo.

 

Pike insiste que a Maçonaria não é apenas moral, mas espiritual e filosófica, e que os graus a partir do quarto servem para despertar o maçom para essa dimensão superior da existência.

 

A letra hebraica Yod, o menor dos caracteres, representa para Pike a centelha divina, o princípio criador que está presente em tudo e em todos.

 

Para ele, o Mestre Secreto é aquele que começa a construir o templo dentro de si, e que compreende que a Luz não está apenas nos rituais, mas na transformação interior.

 

Pontos em comum

 

Apesar das abordagens distintas, as visões de Aslan e Pike compartilham fundamentos importantes:

Tema

Nicola Aslan

Albert Pike

Natureza do segredo

Atitude de vida fiel à Verdade

Sabedoria espiritual que se vive, não se ensina

Hiram Abiff

Guardião simbólico dos valores da Ordem

Símbolo do Mestre Interior

Objetivo do Grau 4

Início da verdadeira iniciação esotérica

Despertar da consciência espiritual

Símbolos

Usados para introspecção e vigilância moral

Linguagem sagrada que revela a centelha divina

Transformação pessoal

Ética, humildade e pureza de intenção

Construção do Templo interior

 

Conclusão

 

Tanto Nicola Aslan quanto Albert Pike apresentam o Grau 4 como um momento de despertar na vida maçônica. A partir dele, o iniciado começa a entender que a verdadeira Luz não está fora, mas dentro de si, e que o conhecimento maçônico não é apenas intelectual, mas vivencial e transformador.

 

Aslan fornece uma leitura prática e simbólica, ideal para o contexto brasileiro e o trabalho ritual em loja. Já Pike aprofunda o grau com uma interpretação filosófica e espiritual, que exige reflexão, mas oferece uma visão ampla do papel do maçom como construtor de si mesmo.

 

Ambos os autores nos lembram que o Mestre Secreto não é aquele que sabe muito, mas aquele que silencia, observa e se esforça constantemente para se aperfeiçoar.

 

(*) Nicola Aslan, Instruções para Lojas da Perfeição II (Graus 4º ao 14º) - EDITORA MAÇÔNICA, 1992.

 

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