A Ética Maçônica Diante dos
Desafios Contemporâneos
Por Deivid Emiliano - Mestre Secreto
Olá,
querido irmão, quantas vezes cruzamos a porta deste umbral? Lembra-te, quando
reconheceste a existência da pedra bruta? Logo, te chamaram de aprendiz! As
provas às quais fostes submetido moldaram-te, e saíste vitorioso. Que grande
dia!
Lembro-me
dos teus primeiros passos e me sinto orgulhoso ao te ver aqui; olha o quanto já
caminhamos. Em verdade, vos digo: guarda teu coração, pois as coisas do mundo
estão aí para torná-lo imprudente, aos poucos colocando em vós outras vendas
disfarçadas. Em verdade, falo-vos: seja forte e corajoso, para que tua obra não
se desvie dos sãos princípios que a ti foram revelados. Não caia em desgraças,
permitindo que os velhos hábitos daquela criatura que jaz no passado retornem.
Atenção!
Preste muita atenção para não se desviar e perder a direção: "Sou um
eterno aprendiz." Olha que lindo e romântico é o eco dessas palavras! O
aprendiz, por definição, é aquele que busca aprender e não aquele que se omite
no cumprimento do dever, disfarçadamente de uma atitude anti ego. Foste
advertido a ter coragem para enfrentar diversas provas, e a maior delas é a da
sua consciência, sempre em vigilância.
Prometestes
ser um cidadão honesto e justo, diante daquela assembleia que te recebeu, onde
outrora te encantaste com tudo quanto foi revelado. Mostrando-te talvez maior
do que imaginaste até aquele momento, ao passo que avançaste e enxergaste
através de outros ângulos, pensamentos nebulosos podem ter ferido e modificado
o que era belo. Mas não podes esquecer jamais que fazes parte desta construção,
para aquela obra que imaginaste antes de ingressar nos mistérios da nossa
ordem, este lugar e você hoje estão ligados és um reflexo de tudo que um dia
viste e desejastes, outros agora observam seus frutos com olhares vivos e
cheios de expectativas.
O
verdadeiro iniciado deve escolher a obediência aos sãos princípios da moral e
da razão, pois a ética, por si só, é uma filosofia que molda o comportamento
humano. Reflete sobre a responsabilidade do maçom na busca pelo conhecimento e
na promoção de valores éticos. A virtude e a sabedoria estão sempre em perigo,
ameaçadas pela ignorância, fanatismo e ambições daqueles que não compreendem a
sua finalidade.
Nosso
próprio método dialético é simbólico; não convence por meio do foco na luz do
silogismo, mas contorna, repisa e apresenta novos ângulos, para que o
entendimento floresça no consciente. Desta forma, concebemos um conceito maior
desta obra que empreendemos. Sei que não é fácil reconhecer e trabalhar nas
tantas arestas que o homem adotou na caminhada de sua vida. E se deseja, de
fato, evoluir, não ignores as respostas para as perguntas que os vigilantes
propõem.
Se
esta caminhada que fizemos juntos não for suficiente para iluminar seus passos,
estou aqui na cadeia de união, com amor, fortalecendo nossas colunas, para que
esta energia te traga de volta, não como a velha criatura, mas como o iniciado
disposto a praticar a ética e a compreender seus deveres de construção
virtuosa, subjulgando suas vontades.
Eu
sou aquele enigma, ou metáfora, que te falou que seria uma grande jornada se
tiver coragem, intenção e propósito para te reconhecer como aceito, pois é
assim que te vejo. O caminho do iniciado é repleto de desafios, mas também de
luz. Cada passo que dás é uma oportunidade de se aperfeiçoar, de abraçar a
verdade que habita em teu ser.
A
ética, nesse contexto, não é apenas um conjunto de regras, mas uma luz que guia
o maçom em sua busca incessante pelo conhecimento. A cada lição aprendida, o
iniciado se aproxima mais do Grande Arquiteto do Universo, que nos observa e
espera que façamos nosso melhor. Neste templo, construímos não apenas paredes
de pedra, mas um edifício espiritual que resplandece virtudes e valores.
Devemos
lembrar que a verdadeira liberdade não reside na ausência de limitações, mas na
capacidade de escolher o bem, de agir com justiça e de servir à humanidade.
Cada um de nós carrega a responsabilidade de ser exemplo, de ser luz na
escuridão que permeia o mundo.
Portanto,
irmão, não temas as dificuldades, pois elas são as forjas onde se molda o
caráter. Que cada provação se transforme em um degrau em direção à sabedoria e
à ética. Que a busca pela verdade seja a bússola em tua jornada, e que, juntos,
possamos construir um legado que ecoe através das gerações, iluminando o
caminho daqueles que virão após nós.
Breves considerações
Por Hiran de Melo
Em
tempos de inquietação e mudanças profundas, a ética maçônica se revela como um
chamado à transformação interior e à construção de um legado que inspire. O
texto “A Ética Maçônica Diante dos Desafios Contemporâneos” é mais do que uma
reflexão: é uma convocação fraterna, simbólica e afetiva, que convida o
iniciado a revisitar sua trajetória com coragem, humildade e abertura ao
mistério.
Partindo
da imagem da pedra bruta, o Mestre Secreto Deivid Emiliano nos conduz por uma
jornada que não se limita à ascensão de graus, mas à lapidação constante da
consciência. O verdadeiro iniciado é aquele que se permite ser moldado pela
experiência, que escuta o silêncio antes da ação e que reconhece, nas sombras
do templo interior, as arestas que ainda precisam ser trabalhadas.
Inspirado
pelo pensamento de Kennyo Ismail, o texto propõe uma Maçonaria viva e
comprometida com a transformação pessoal e social. A ética, nesse contexto, não
é um conjunto de regras, mas uma prática constante — uma forma de estar no
mundo com propósito, discernimento e serviço. Já sob a luz de Jean-Yves Leloup,
essa mesma ética ganha contornos mais contemplativos: ela nasce do encontro com
o ser, da fidelidade ao que há de essencial em nós, e da escuta profunda da
consciência.
A
figura do “eterno aprendiz” ressoa como símbolo de humildade e disposição para
aprender. Aprender, aqui, é mais do que acumular conhecimento — é permitir-se
ser transformado, é aceitar que o verdadeiro saber se revela aos poucos, à
medida que o iniciado se dispõe a escutar, a servir, a amar.
A
construção do templo, portanto, não é apenas física ou simbólica. É uma
metáfora viva da construção do ser, onde cada pedra colocada com virtude e
humildade contribui para um edifício invisível, mas real: aquele que abriga a
luz. E essa luz não é para ser guardada, mas compartilhada. Cada irmão é
chamado a ser exemplo, a ser farol, a ser presença que inspira.
A
ética maçônica, nesse sentido, é liberdade consciente. É escolha pelo bem. É
compromisso com a humanidade. E é também um convite: que cada dificuldade seja
vista como forja onde se molda o caráter; que cada provação se transforme em
degrau rumo à sabedoria; que cada passo seja dado com intenção, coragem e amor.
Que
o iniciado, ao reconhecer sua jornada, possa iluminar o caminho dos que virão.
Que sua vida em movimento seja testemunho de virtude, e que seu exemplo
resplandeça como legado — não apenas para a Ordem, mas para o mundo.
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