GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos
Nove: Visões Filosóficas
Por
Hiran de Melo
Pacíficos e Amados Irmãos,
Ao mergulharmos na riqueza simbólica e moral
do Grau 9 (*) do
Rito Escocês Antigo e Aceito – Mestre Eleito dos Nove – encontramos um
terreno fértil para refletir sobre a Justiça, o Poder e o Autoconhecimento. E
quando lançamos sobre esse Grau o olhar crítico de Michel Foucault,
grande pensador francês, descobrimos novas camadas de significado.
Foucault nos convida a enxergar a Maçonaria,
e especialmente o Grau 9, não apenas como uma sequência de rituais, mas
como uma prática viva que questiona as formas como o poder atua em nossa vida e
como a Justiça deve ser exercida com consciência crítica.
Estilo
do Grau 9: Um Discurso de Poder e Ética
O texto ritualístico do Grau 9 é carregado de
símbolos, de palavras solenes e de um forte senso de missão moral. Para
Foucault, linguagem e símbolos não são neutros: eles produzem efeitos
de verdade, moldam o modo como pensamos e agimos.
Assim, o Grau 9 não apenas ensina a
Justiça, mas a produz em nós, como um chamado ético profundo. A linguagem
do Grau cria no iniciado uma postura de vigilância e responsabilidade diante do
mundo.
Justiça:
Um
Ato Ético e um Jogo de Poder
Segundo Foucault, a Justiça é frequentemente
usada para legitimar o poder, mas a verdadeira ética surge quando questionamos
esse poder. No Grau 9, aprendemos que a vingança não é Justiça. A
espada da Justiça deve ser empunhada com discernimento, não por impulso.
Foucault diria que o Mestre Eleito é aquele
que não se deixa capturar pelas estruturas do poder punitivo tradicional,
mas busca um novo tipo de Justiça: reflexiva, justa e ética – que se
volta antes para corrigir do que destruir.
As
Nove Luzes: Conhecimento como Libertação
Foucault valorizava o conhecimento como
poder libertador. As nove luzes, símbolo desse Grau, podem ser entendidas
como focos de consciência que iluminam as zonas de ignorância, opressão e
mentira – dentro e fora de nós.
Essas luzes representam não só o saber
ritualístico, mas a capacidade de ver além das aparências, de entender
que a Verdade exige investigação constante e coragem para questionar o
estabelecido.
A
Adaga: Poder Controlado, Não Violência
A adaga do Grau 9 não é instrumento de
vingança, mas símbolo de ação moral justa. Foucault via o poder como
algo que circula, que pode ser usado de forma opressiva ou libertadora.
O Mestre Eleito usa a adaga não para eliminar
o outro, mas para interromper ciclos de opressão, para cortar o laço da
mentira, da injustiça e da corrupção. É um gesto ético, não apenas um gesto
punitivo.
A
Caverna: Espaço de Controle ou de Reflexão?
A caverna escura do Grau 9, onde o culpado se
esconde, nos lembra que o maior inimigo pode estar dentro de nós. Para
Foucault, a introspecção deve ser também uma forma de vigiar os mecanismos
internos de poder, de controle e de autoengano.
A verdadeira iluminação ocorre quando o
iniciado reconhece os seus próprios mecanismos de dominação: o orgulho, a
raiva, o desejo de poder. Vencer o inimigo externo só faz sentido quando já
vencemos o tirano interior.
O
Saber como Poder Moral
Foucault dizia que quem detém o saber,
detém poder – mas também responsabilidade. No Grau 9, o saber ritualístico,
filosófico e ético não é para ser guardado, mas praticado. O Mestre
Eleito se torna um vigilante não armado, mas consciente.
É alguém que não vigia os outros para
controlá-los, mas vigia a si mesmo para não cair na ilusão do poder injusto.
A
Justiça como Crítica, Não Como Dogma
O ponto central da análise aos olhos de
Foucault: Justiça não é dogma. É um
processo crítico constante. O Mestre Eleito dos Nove não é um juiz vingador,
mas um buscador da ordem verdadeira, que sabe que o maior erro é repetir
a violência que se queria combater.
“Aquele que combate a injustiça deve
cuidar para não se tornar ele mesmo uma nova forma de opressor”.
O
Mestre Eleito como Sujeito Ético
À luz de Foucault, o Mestre Eleito é um
sujeito ético que:
Questiona os mecanismos invisíveis do poder e da dominação.
Rejeita o uso da Justiça como vingança.
Pratica a vigilância de si mesmo para não reproduzir o mal que combate.
Toma posse de seu poder moral com responsabilidade e crítica.
"A Maçonaria não forma
carrascos do passado, mas guardiões conscientes do futuro."
Que este Grau nos ensine, meus Irmãos, que mais
importante do que punir, é compreender. Que mais nobre do que julgar, é
transformar. E que mais poderoso do que dominar, é iluminar.
Assim
seguimos em nossa jornada. Com lucidez, ética e coragem.
(*) Referência
Bibliográfica e de
leitura obrigatória para entender o presente trabalho.
GRAU 9 – Cavaleiro Eleito
dos Nove, veja no link
https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/04/inspetoria-liturgica-do-estado-da_62.html
Análise Filosófica Complementar
do GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove
À luz de Foucault,
Nietzsche, Kant, Deleuze e Bourdieu
1. Nietzsche (1) – A Crítica à Moral do Rebanho e à Supressão da Vontade
Friedrich Nietzsche talvez olhasse com
desconfiança para o discurso simbólico do Grau 9. Para ele, uma moral baseada
no controle dos impulsos, na introspecção e na culpa interna poderia ser sinal
de uma "moral de rebanho" – aquela que enfraquece o indivíduo
ao fazer com que ele negue sua própria força e criatividade.
A luta contra o mal interior pode ser vista,
segundo Nietzsche, como uma forma de ressentimento: a pessoa direciona
sua força contra si mesma, reprimindo sua verdadeira natureza.
O ideal do Cavaleiro ético e vigilante se
aproximaria do que Nietzsche chama de “último homem” – aquele que
prefere a segurança moral à coragem de criar novos valores.
Para Nietzsche, o verdadeiro exemplo a ser
seguido é o Espírito Livre: alguém que desafia os padrões, afirma sua
vontade e vive com intensidade. Ele talvez visse os ritos e normas da Maçonaria
como limites à autenticidade e ao poder criativo do indivíduo.
Frase de Nietzsche:
"A moral é o instinto de
rebanho no indivíduo."
2. Kant (2) – A Autonomia Moral e o Dever Consciente
Immanuel Kant, ao contrário de Nietzsche,
veria com bons olhos vários ensinamentos do Grau 9, especialmente o chamado à consciência
moral, à justiça e à responsabilidade racional.
O Cavaleiro Eleito age não por medo ou
interesse, mas por dever – conceito central na filosofia de Kant.
Para ele, o verdadeiro comportamento moral é
aquele guiado por um princípio que poderia ser lei para todos, ou seja,
o chamado imperativo categórico.
A Justiça, no Grau 9, aparece como superação
da vingança e impulso, o que está alinhado com a razão prática kantiana:
uma moral baseada na razão, que busca a ética universal.
Frase de Kant: “O céu estrelado acima de
mim e a lei moral dentro de mim”.
3. Deleuze (3) – O Ritual como Máquina de Moldar o
Sujeito
Gilles Deleuze, principalmente em parceria
com Félix Guattari, traria uma visão crítica da estrutura simbólica do Grau 9.
Para ele, os rituais maçônicos não criam sujeitos livres, mas sujeitos
moldados, formatados por sistemas que definem o que é certo ou errado.
O Cavaleiro Eleito, nesse ponto de vista, é
resultado de um “agenciamento coletivo”: ele incorpora um papel já
definido pelo discurso maçônico.
Combater o mal interior, para Deleuze, é um
exemplo do que ele chama de subjetivação reativa – o sujeito se constrói
negando algo, e não afirmando sua diferença.
Deleuze sugeriria “linhas de fuga”, ou
seja, caminhos de criação fora das normas estabelecidas, onde o sujeito possa
experimentar novos modos de existir.
Frase de Deleuze: “Tornar-se imperceptível,
tornar-se clandestino no meio das formas dominantes de subjetivação”.
4. Bourdieu (4) – O Poder Simbólico por Trás do Ritual
Pierre Bourdieu faria uma leitura sociológica
do Grau 9, vendo nele uma forma de reprodução simbólica que serve para
manter o prestígio e a autoridade de quem participa.
Os símbolos de Justiça, Verdade e Consciência
funcionam como formas de capital simbólico – ou seja, formas de ganhar
reconhecimento e legitimidade dentro de um grupo.
O iniciado do Grau 9 aprende um conjunto de
comportamentos e valores (o que Bourdieu chama de habitus) que o fazem
agir e pensar de acordo com o grupo.
Mesmo a introspecção e o autodomínio podem
ser formas sutis de dominação simbólica, onde o próprio sujeito assume o
controle sobre si para se encaixar nas expectativas da ordem.
Frase de Bourdieu: “A violência simbólica é
aquela que se exerce com a cumplicidade daqueles que a sofrem”.
Síntese das Visões
Filosóficas
Autor |
Contribuição Principal |
Leitura
do Grau 9 |
Foucault |
Poder simbólico, vigilância e controle
interno |
Formação de sujeitos éticos e
autocontrolados |
Nietzsche |
Crítica à moral repressiva e valorização da
potência |
Supressão da autenticidade e do impulso
criador |
Kant |
Autonomia, dever moral e razão prática |
Realização do sujeito racional e ético |
Deleuze |
Subjetivação máquina e linhas de fuga |
Codificação do sujeito; necessidade de
romper com os moldes |
Bourdieu |
Capital simbólico e distinção social |
Rito como ferramenta de legitimação e
distinção |
Se o amado irmão deseja estudar mais um pouco, apresento a
seguir análises, à luz de grandes filósofos, detalhas do texto “GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove” (*). Boas leituras e bons estudos desejo
a todos. |
(1) GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove - análise do texto na
visão de Friedrich
Nietzsche
Pacíficos e Amados Irmãos,
Neste estudo do Grau 9 – Mestre Eleito dos
Nove, nos deparamos com um chamado profundo: combater o mal sem se tornar o
mal, julgar com retidão sem cair na armadilha da vingança. Como nos ensina
Albert Pike, não basta punir — é preciso entender, elevar e transformar.
Mas, para enriquecer ainda mais essa
reflexão, vamos olhar esse Grau à luz de Friedrich Nietzsche, filósofo
que desafiou o mundo com suas ideias sobre moral, poder, verdade e superação.
Ele pode nos ajudar a enxergar esse Grau de uma forma mais crítica, intensa e
libertadora.
1.
Estilo: Ético, introspectivo e trágico
O estilo do Grau 9 é denso, dramático e cheio
de simbolismo. A linguagem nos leva para dentro de uma caverna simbólica,
onde não enfrentamos apenas inimigos externos, mas os fantasmas do nosso
próprio ego.
Nietzsche veria essa “caverna obscura” como o
lugar da luta interior — onde o ser humano confronta suas fraquezas,
suas máscaras, suas verdades mais difíceis.
2.
Justiça ou Ressentimento?
Nietzsche foi um dos grandes críticos da moral
do ressentimento — aquela que nasce do ódio e da frustração, e se disfarça
de virtude para justificar a vingança.
Ele diria que, se o Mestre Eleito punisse
movido pela raiva, estaria alimentando o mesmo veneno que condena.
Mas quando o Grau 9 nos ensina a agir com
discernimento, firmeza e compaixão, ele está justamente nos libertando desse
ressentimento. O verdadeiro Mestre Eleito é aquele que supera o impulso de
revidar e escolhe o caminho mais difícil: agir com grandeza de espírito.
3. O Super-Homem Maçônico
Nietzsche propôs a ideia do ‘Além do
Homem’ ou ‘Super-homem’ — como sendo o homem que se supera, que cria seus
próprios valores, que não se deixa dominar por regras cegas nem pela moral do
rebanho. Não é aquele dos desenhos animados das revistas sem quadrinhos.
No
Grau 9, esse conceito se manifesta quando o iniciado:
Não
segue a multidão.
Não
age
por medo ou por raiva.
Decide com consciência própria,
mesmo quando o caminho certo é o mais difícil.
O Mestre Eleito dos Nove é, nesse sentido, um
símbolo do maçom que busca se tornar um “superador de si mesmo”. Ele
não se contenta em repetir fórmulas antigas, mas quer encarnar a virtude
com coragem.
4.
A Caverna: Lugar do Encontro Consigo Mesmo
Nietzsche acreditava que a verdadeira
força do ser humano nasce do confronto com a dor, com o sofrimento e com a
escuridão. É exatamente isso que representa a Caverna no Grau 9.
Ali não está apenas o culpado — ali está o
lado sombrio de nós mesmos.
Só quem se atreve a entrar nessa escuridão e
encarar o que há de mais feio e frágil em si mesmo é capaz de sair mais forte.
Para Nietzsche, essa jornada é essencial. É o processo de transformar dor em
sabedoria, fraqueza em potência.
5.
As Nove Luzes: Metáfora da Iluminação pela Superação
As nove luzes evocam iluminação, e Nietzsche
dizia:
“É preciso ter o caos dentro de si para
dar à luz uma estrela dançante”.
As luzes não surgem do conforto — surgem do
conflito, do esforço de clarear o que está escuro.
O Mestre Eleito, iluminado por essas nove
luzes, não é alguém “pronto”. É alguém em processo, em eterna reconstrução
de si, o que está muito de acordo com a proposta da Maçonaria e da
filosofia nietzschiana.
6.
A Adaga: Vontade de Poder
Nietzsche falava da vontade de poder —
não como dominação dos outros, mas como capacidade de afirmar a própria
existência com dignidade e coragem.
No Grau 9, a adaga simboliza essa força de
decisão. Não é uma arma de destruição, mas uma ferramenta de coragem moral,
usada apenas quando é o último recurso e com total consciência.
7.
A Luta contra o Mal: Sem Perder a Alma
Nietzsche
dizia:
“Quem combate monstros deve tomar cuidado
para não se tornar um monstro”.
Essa frase está praticamente repetida por
Albert Pike, e ela expressa a essência do Grau 9. O Mestre Eleito deve ser
forte, mas também deve ser ético, vigilante e humilde.
Ele aprende que a força sem controle se
corrompe, e que a verdadeira vitória não é destruir o outro, mas manter-se
íntegro diante da escuridão.
A
Vitória sobre Si Mesmo
O Grau 9, à luz de Nietzsche, não é sobre
caçar um culpado — é sobre conquistar a si mesmo.
O Mestre
Eleito dos Nove é aquele que:
Enfrenta
a escuridão externa e interna com coragem
filosófica.
Não age como escravo da moral alheia, mas
constrói seus próprios princípios
elevados.
Tem força para punir, mas sabedoria para perdoar.
Busca
a verdade não por vaidade, mas por compromisso com a própria
evolução.
Albert Pike e Nietzsche, cada
um a seu modo, dizem que a justiça verdadeira é uma conquista interior.
Não é feita com espada, mas com vontade, vigilância e virtude.
"O Mestre
Eleito é aquele que olha para dentro, supera o ressentimento, e lidera com
alma forte, como um guerreiro da consciência."
Que esta
reflexão nos inspire, Irmãos, a sermos mais que juízes: a sermos criadores de
um mundo onde a justiça nasce da coragem de sermos melhores a cada dia.
(2) GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove - análise do texto na
visão de Immanuel
Kant
Pacíficos e Amados Irmãos,
Ao adentrarmos o Grau 9 – Mestre Eleito
dos Nove, somos conduzidos a uma encruzilhada onde a ética se torna o
centro da caminhada maçônica. A justiça, aqui, não é um castigo impulsivo, mas
uma escolha racional e consciente, equilibrada entre o dever moral e a
dignidade humana.
Neste ponto, podemos nos aproximar da
filosofia de Immanuel Kant, que, assim como Albert Pike, acreditava que
a verdadeira elevação espiritual exige autonomia moral, respeito à
lei interna e fidelidade ao dever.
Estilo: Reflexivo, Ético e Universal
O texto do Grau 9 possui um estilo profundo,
que exige do maçom não apenas ação, mas reflexão racional sobre suas
escolhas morais. Assim como Kant, Albert Pike propõe um caminho que busca a
moral não nas emoções, mas na razão e no dever.
Para Kant, a moral não pode depender de
recompensas ou punições, mas deve vir de dentro, da boa vontade que age pelo
dever — e não por interesse.
Justiça, Dever e Lei moral
Kant afirma que a verdadeira moral se baseia
no imperativo categórico, que diz:
“Age apenas segundo aquela máxima pela qual
possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.”
Ou seja: faça apenas aquilo que você
gostaria que todos fizessem também.
No Grau 9, o Mestre Eleito dos Nove aprende
exatamente isso: não pode agir por vingança, nem por impulso. Ele deve
agir conforme princípios éticos universais — com equilíbrio, respeito à
dignidade humana, e amor à Verdade.
A Adaga: Símbolo da Vontade Moral
A adaga que o iniciado carrega não
representa ódio, mas sim a firmeza da Justiça baseada no dever ético.
Kant dizia que a moral verdadeira exige coragem para fazer o certo, mesmo
que isso custe caro.
“Age de tal maneira que
tua ação possa ser uma lei para todos os homens”. – Kant
Assim, o uso da adaga, quando necessário, não
é para ferir por paixão, mas para proteger a ordem moral — quando todos
os caminhos pacíficos foram esgotados.
As Nove Luzes: A Iluminação da Razão
As nove luzes representam os Mestres
iluminados pela consciência. Para Kant, a razão é o que nos liberta da
ignorância e nos conduz à autonomia moral.
Quando o Grau 9 fala de "luz da
consciência", está ecoando o pensamento kantiano: agir com clareza,
ética e responsabilidade, mesmo diante das sombras da injustiça.
A Caverna Obscura: O Exame Interior
A caverna simboliza o local do autoexame
moral. Kant nos lembra que o maior desafio do ser humano é vencer a
inclinação e agir segundo a razão e o dever.
A jornada interior do Mestre Eleito é a busca
por si mesmo, onde ele aprende que:
A Justiça começa dentro
do próprio coração.
A verdadeira
autoridade nasce da retidão da consciência, não da força.
Justiça, Não Vingança
Kant faz uma distinção clara: a vingança é
subjetiva, movida pela emoção. Já a justiça verdadeira deve ser objetiva
e racional, aplicada com imparcialidade.
“A vingança pertence à natureza; a justiça, à razão”.
No Grau 9, isso é reforçado por Pike: o
Mestre Eleito não age por ódio, mas sim por compromisso moral com o bem
coletivo.
O Mestre Kantiano e o Mestre Maçônico
O Mestre Eleito dos Nove, à luz de Kant, é aquele que:
Age por dever, não por desejo
pessoal.
Sabe que toda ação
deve respeitar a dignidade do outro — mesmo do culpado.
Compreende que sua missão é
moral, e não emocional.
É firme, mas também justo,
ponderado e responsável.
A Maçonaria como Caminho Ético
Pacíficos e Amados Irmãos, o Grau 9 nos convida
a sermos verdadeiros “cavaleiros da ética”. À semelhança dos ensinamentos de
Kant, somos chamados a:
Agir com razão e
retidão.
Superar o impulso de
vingança.
Defender a justiça
como dever sagrado.
"A Maçonaria não busca
castigar, mas corrigir pela consciência e pela razão."
– Inspirado por Kant e Pike
Que nossa espada
esteja sempre guiada pela bússola da razão e pelo esquadro da ética universal.
E que
nossas ações honrem não só o legado de Hiram, mas a Lei Moral que brilha em
cada consciência desperta.
Assim seja.
(3) GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove - análise do texto na
visão de Gilles
Deleuze
Pacíficos e Amados Irmãos,
O Grau 9 – Mestre Eleito dos Nove –
nos convida a enfrentar as trevas, internas e externas, não com vingança, mas
com coragem e clareza moral. Ao refletirmos sobre esse grau à luz da filosofia
de Gilles Deleuze, somos levados a olhar o mundo – e a nós mesmos – de
forma diferente: não mais como algo fixo, pronto e estabelecido, mas como algo
em constante transformação, feito de fluxos, escolhas e resistências.
Deleuze não é um pensador de regras rígidas.
Ele fala de liberdade, criação, movimento e superação dos sistemas que
aprisionam o pensamento e a ação. E isso tem tudo a ver com o que o Grau 9
propõe ao Maçom.
Estilo do Grau 9: Simbólico, Profundo e Transformador
O estilo do Grau 9 é denso em símbolos e
imagens que chamam o Maçom a uma ação consciente, mas também a um
despertar interior. Para Deleuze, os símbolos não devem ser apenas
interpretados como algo com um “significado fixo”, mas como gatilhos de
transformação.
Assim, a adaga, a caverna e as nove luzes não
são apenas sinais externos: são forças que nos empurram para novos modos de
viver e pensar. O Grau é como uma máquina filosófica que nos convida a
romper com os automatismos da vida comum.
A Ética como Força de Criação
Para Deleuze, ética não é obediência a regras
fixas. É força vital, potência de agir, de criar novos caminhos,
de romper com o que nos aprisiona. Isso ressoa com o que o Grau 9 ensina: agir contra a injustiça não por ódio, mas por uma
força maior, que nasce da consciência e da liberdade interior.
A vingança é estática, repete o mal. A
justiça verdadeira é criativa: transforma a dor em sabedoria e ação
consciente. Isso é Deleuze em essência.
A Adaga: Não para Matar, mas para Cortar o
Sistema do Ódio
A adaga que o Mestre Eleito carrega não é
símbolo de morte, mas de ruptura com um sistema corrompido. Deleuze
falava da necessidade de "desterritorializar", ou seja, sair
do espaço comum, da zona de conforto, da obediência cega.
Usar a adaga é cortar o laço com o hábito
do medo, com os sistemas que normalizam a injustiça.
É dizer: "Eu não aceito mais este modelo de mundo". E isso é o
início de uma nova criação.
As Nove Luzes: Forças de Intensidade e Pensamento
Para Deleuze, pensar não é repetir ideias
antigas. Pensar é criar ideias novas. As nove luzes representam centros
de pensamento ativo, que iluminam não só o caminho do iniciado, mas também produzem
novos sentidos para a ação justa.
Cada luz pode ser entendida como um ponto de
intensidade: uma emoção elevada, uma decisão difícil, uma lembrança profunda,
uma vontade sincera de mudar. Elas não são só “decoração ritualística”. Elas
são forças em movimento.
A Caverna: Espaço de Mutação Interior
A caverna é o espaço simbólico onde o
iniciado mergulha em si mesmo. Para Deleuze, isso se aproxima da ideia de vir-a-ser:
o homem nunca está pronto, ele está sempre se transformando.
O Maçom que entra na caverna não sai o
mesmo. Lá dentro, ele encontra os seus “fantasmas”, suas falhas, seus
medos. Mas ali também começa a criar a si mesmo de novo.
Combater o Mal sem Reproduzi-lo
Albert Pike nos alerta: "Aquele que
combate o mal deve vigiar para não se tornar o próprio mal." Isso é
profundamente deleuziano. Deleuze acreditava que o pior erro é reproduzir,
sem perceber, a lógica do inimigo.
Por isso, o Mestre Eleito não combate o
fanatismo com mais fanatismo, nem a violência com mais violência. Ele rompe
esse ciclo criando novas linhas de fuga, novas formas de viver o bem,
com coragem e leveza.
Justiça como Processo, Não Como Fim
Deleuze não via a Justiça como um ponto
final, mas como um processo contínuo de resistência e reinvenção. Isso
se encaixa perfeitamente com o Grau 9, onde a Justiça não é algo pronto, mas um
caminho diário de escolha moral e atenção constante ao mundo e a si mesmo.
O Mestre Eleito como Figura Deleuziana
O Mestre Eleito dos Nove, à luz de Deleuze, é
alguém que:
Rompe com os velhos padrões
de vingança e ego.
Cria novos modos de agir, pensar
e sentir.
Vive em constante
transformação e vigilância.
Atua com intensidade, mas
sem rigidez.
Traz à luz novas formas de
justiça que não excluem, mas reconstroem.
“O verdadeiro combate
do Mestre não é para repetir a violência, mas para abrir novos caminhos onde
antes só havia escuridão”. – Inspirado por Deleuze
Que o Grau 9 nos ensine a sermos agentes de transformação – não
apenas juízes do mundo, mas criadores de novos mundos possíveis.
Em liberdade, com justiça, e sempre em construção.
Assim seja.
(4) GRAU 9 – Cavaleiro Eleito dos Nove - análise do texto na
visão de Pierre
Bourdieu
Pacíficos e Amados Irmãos,
O Grau 9 – Mestre Eleito dos Nove é
uma encruzilhada moral em nossa jornada iniciática. Ele nos confronta com
dilemas profundos: agir ou calar? Punir ou compreender? Liderar com firmeza ou
com compaixão? A luz de Albert Pike nos guia nessas reflexões, mas podemos
também lançar luz sobre este Grau por meio da filosofia social de Pierre
Bourdieu, pensador que nos ajuda a entender o funcionamento oculto do
poder, da justiça e da ética em contextos reais.
1.
Estilo do Grau: Dramático, Ético e Introspectivo
O estilo deste Grau é sério e reflexivo,
quase como uma narrativa de tribunal espiritual. Aqui, o maçom deixa o campo
simbólico da construção e entra na arena da consciência, onde cada
decisão carrega peso moral.
A linguagem é marcada por imagens fortes —
como a adaga, a caverna, e as luzes — que servem de metáforas do
discernimento ético. É uma linguagem que desafia o Irmão a olhar para
dentro e para fora com olhos mais atentos.
2.
Justiça como Prática Social
Para Bourdieu, a justiça não é só uma
ideia abstrata — ela depende do contexto, da posição social, dos capitais
simbólicos e do campo em que estamos inseridos.
No Grau 9, vemos essa visão aplicada
A “justiça” que o Mestre Eleito deve buscar não pode ser confundida com
vingança pessoal, pois essa surge de um "habitus" emocional, passional.
A verdadeira justiça, para Bourdieu e para Pike, é uma prática consciente, que leva
em conta as consequências sociais e morais de cada ação.
3.
O Habitus do Líder Justo
Bourdieu define habitus como os modos
de pensar, sentir e agir que carregamos dentro de nós — moldados pela educação,
pelo meio e pela experiência. No Grau 9, o iniciado é desafiado a modificar
seu habitus, deixar de lado reações instintivas e adotar um comportamento
elevado.
O Mestre Eleito não age por impulso.
Ele pensa, reflete, julga, mede. Ele é moldado por um habitus ético — o
hábito de refletir antes de agir, de buscar justiça sem orgulho e sem
vaidade.
4.
Capital Simbólico e a Autoridade Moral
Em vez de autoridade baseada em força ou em
cargo, Bourdieu nos ensina que o capital simbólico — como prestígio,
respeito e confiança — é a verdadeira fonte de liderança eficaz.
No
Grau 9:
A adaga não representa poder violento, mas autoridade moral
conquistada por meio da coragem ética e da vigilância interior. O Mestre
Eleito deve se tornar respeitável não pelo medo que impõe, mas pela retidão
que representa.
5.
As Nove Luzes e o Campo da Consciência
As Nove Luzes evocam o esclarecimento. Na
visão bourdieusiana, elas simbolizam o esforço para romper com a ignorância
e os automatismos sociais que nos mantêm cegos.
O iniciado, ao ser “iluminado” por essas
luzes, começa a enxergar os jogos de poder, as estruturas invisíveis e os
condicionamentos que muitas vezes se mascaram de justiça. Ele passa, assim,
do agir reativo ao agir consciente.
6.
A Luta Contra as Sombras: Uma Prática Política e Ética
Para Bourdieu, o combate simbólico é
essencial. Não se trata de violência, mas da luta pela redefinição dos
valores. Quem define o que é justo? Quem controla os significados? Quem detém
o poder de punir?
No
Grau 9
O Mestre Eleito dos Nove é aquele que se
levanta contra a corrupção dos valores, contra a mentira e o fanatismo —
não com ódio, mas com lucidez e integridade. Ele luta não para destruir,
mas para restaurar a ordem ética no campo social e interior.
7.
Justiça ou Vingança? A Crítica de Bourdieu ao Juízo Apressado
A crítica de Bourdieu à sociedade moderna
está no modo como se julga sem entender. Muitas vezes, diz ele, julgamos
a partir de nossos próprios interesses e posições sociais.
No
Grau 9, a lição é clara:
Não se deve punir por raiva. Não se deve agir por impulso. O Mestre
Eleito deve observar os fatos, pesar os contextos, reconhecer os limites
humanos — e só então agir. Essa é a justiça verdadeira: equilibrada, sóbria,
humana.
O
Mestre Eleito como Agente de Transformação Ética
A filosofia de Pierre Bourdieu nos permite
ver o Grau 9 como um espaço de reconstrução ética dentro de um mundo
cheio de conflitos, jogos de poder e distorções simbólicas.
O Mestre
Eleito dos Nove é aquele que:
Desconstrói o
impulso da vingança e reconstrói a justiça com compaixão.
Enxerga além das aparências e dos
símbolos, vendo os mecanismos ocultos
por trás dos atos.
Transforma seu interior para ter autoridade sobre o exterior.
Como ensinou Albert Pike:
“A verdadeira Justiça não reside no fio da espada vingadora, mas na
vitória da Consciência sobre as trevas da alma”.
E como diria Bourdieu:
“A ética é a forma mais elevada de
resistência simbólica”.
Que possamos, Irmãos, ser eleitos não apenas por um rito, mas
por nossa conduta firme, vigilante e compassiva.
E que a Luz da Justiça brilhe
mais forte em nossas Lojas e em nossos corações.
Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de
Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da
Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA
da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
(*) Grau 9 –Eleito dos Nove, recomendo a leitura para melhor entender o
presente trabalho. Veja no link: |
https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/04/inspetoria-liturgica-do-estado-da_62.html |
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