Instrução do Grau 5: Immanuel Kant

Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região

0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR

FUNDADA EM 11 DE ABRIL DE 1972

CAMPINA GRANDE -  PARAÍBA

 

Grau 5 – Mestre Perfeito à luz da filosofia de Immanuel Kant


Entre a Razão, o Dever e a Liberdade Interior

 

Refletir sobre o Grau 5 da Maçonaria à luz da filosofia de Immanuel Kant é revisitar temas como moralidade, dever, verdade e a construção de si — todos muito presentes tanto no ritual do Grau 5 quanto em sua obra. No entanto, essa leitura não é um simples espelho: é um convite ao contraste, ao diálogo. E, por vezes, ao confronto entre ideais.

 

A Perfeição Moral e o Ideal do Mestre

 

O texto do relato sob o Grau 5(*) apresenta o Mestre Perfeito como alguém que busca a perfeição moral por meio da pureza, da disciplina e do controle das paixões. Kant falaria aqui em imperativo categórico: a ideia de agir sempre segundo princípios que possam valer como lei universal.

 

Mas isso não significa uma obediência cega. Pelo contrário: trata-se de agir por dever, mas com plena autonomia. A verdadeira moralidade, nessa visão, não nasce de regras externas, mas da liberdade de submeter-se à razão.

 

A Dor e a Formação do Caráter

 

A dor, no texto, é vista como instrumento de elevação. Numa leitura inspirada em Kant, a dor ganha outro papel: não o de punição ou expiação, mas o de ocasião para o fortalecimento da vontade. Não se trata de glorificar o sofrimento, mas de perceber que o enfrentamento das dificuldades é parte da construção da autonomia moral.

 

A virtude, assim, não é o resultado de uma vida fácil, mas da resistência firme diante daquilo que nos desafia — não para se tornar perfeito aos olhos de outros, mas para ser digno aos próprios olhos.

 

A Verdade como Compromisso Interior

 

No Grau 5, a fidelidade à Verdade é exaltada como virtude central. Nessa linha, a verdade não é uma opinião ou um ponto de vista — é uma exigência da razão prática. Não se trata de buscar verdades absolutas metafísicas, mas de ser coerente entre o que se pensa, o que se diz e o que se faz.

Buscar a verdade, então, é viver com integridade — um compromisso com aquilo que podemos afirmar diante de nós mesmos e dos outros, como se cada ação fosse exemplo para a humanidade.

 

Virtudes como Força, não como Submissão

 

 

Humildade, fidelidade e pureza são celebradas como marcas do Mestre. Mas essas virtudes, nesta leitura, não são formas de submissão, e sim expressões de respeito pela dignidade do outro e de si mesmo. Não se trata de apagar o eu, mas de agir sempre como se cada ser humano fosse um fim em si, e nunca apenas um meio.

 

O Templo Interior como Espaço de Liberdade

 

O templo a ser reconstruído é o espaço simbólico onde habita o homem livre — não o que faz o que quer, mas o que age com base em princípios escolhidos pela razão. A letra י (Yod), vista como centelha divina, pode ser lida aqui como a presença da lei moral dentro de nós — algo que não vem de fora, mas que brota do uso maduro da liberdade.

 

O Mestre como Sujeito Autônomo

 

Nesta leitura, o Mestre Perfeito não é o moralista rígido, nem o obediente passivo. Ele é alguém que:

 

Age com base na razão, não na conveniência.

Assume a responsabilidade pelas próprias escolhas.

Cultiva virtudes que não aprisionam, mas libertam.

Enxerga na dor uma ocasião de crescimento, não uma condenação.

Ele não reflete o divino por imitação — mas encarna, na liberdade de sua ação, o mais elevado que há em si.

 

Se essa visão ainda não faz sentido, não se preocupe. Talvez seja só a hora de ouvir Nietzsche.

 

Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.

 

(*) Grau 5 – Mestre Perfeito, recomendo a leitura para melhor entender o presente trabalho. Veja no link:

https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/04/inspetoria-liturgica-do-estado-da_12.html

 

Conheça mais e melhor:

https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/06/instrucao-do-gr-au-13-friedrich.html

 

Anexo

 

Descrição da Ilustração

 

Esta ilustração abstrata captura a essência do Grau 5 do Mestre Perfeito pela ótica de Immanuel Kant. Uma figura estilizada é banhada por um campo de luz e cores vibrantes, simbolizando a iluminação e a autonomia moral. A ideia do imperativo categórico é expressa através de formas geométricas interconectadas, representando as leis morais universais. Linhas dinâmicas e gradientes de cor transmitem um senso de potencial ilimitado e liberdade interior. O estilo geral, mais brilhante e abstrato, enfatiza a interação entre o raciocínio lógico e ético, destacando a conexão do Mestre Perfeito com a ação moral e a busca intelectual.

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