Instrução do Grau 7: Gilles Deleuze
Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região
0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR
FUNDADA
EM 11 DE ABRIL DE 1972
CAMPINA
GRANDE - PARAÍBA
GRAU 7 – Uma Leitura Inspirada por Gilles Deleuze
O Grau 7 do Rito Escocês Antigo e Aceito,
conhecido como Preboste e Juiz, nos convida a refletir sobre a Justiça — não
como imposição, mas como caminho interior. Neste momento da jornada, o maçom é
chamado a julgar, não os outros, mas a si mesmo, com honestidade, coragem e
abertura à transformação.
Julgar como Caminho de Crescimento
Julgar, neste grau, não significa apontar
erros ou aplicar castigos. Significa reconhecer o que precisa ser transformado
em nós mesmos. O julgamento aqui é movimento, não ponto final. É um processo
criativo e contínuo de autoconhecimento, onde o erro não é queda, mas
possibilidade de reconstrução.
Justiça como Equilíbrio em Movimento
A Justiça, assim como descrita por Albert
Pike, é equilíbrio entre rigor e compaixão. Mas esse equilíbrio não é algo
fixo: é um exercício constante, uma escuta atenta do contexto, das pessoas e de
si mesmo. Julgar com justiça é perceber a singularidade de cada situação e
responder com consciência e sensibilidade.
O Juiz como Construtor de Si
O Preboste e Juiz não é apenas um papel
simbólico — é um ideal de vida. Ao examinar a própria consciência, o maçom é
chamado a ir além das repetições, a criar novos caminhos e atitudes mais
alinhadas com a Verdade e a Fraternidade. Ele se torna um exemplo não por
seguir regras cegamente, mas por viver de forma íntegra, inspirando pelo exemplo.
Símbolos Vivos do Grau
A Balança representa o constante reajuste
entre razão e empatia.
A Espada simboliza a força moral, usada não
para punir, mas para libertar o espírito de ilusões e apegos.
O Livro da Lei não é uma coleção de respostas
prontas, mas um convite à reflexão profunda, sempre aberta a novas leituras e
sentidos.
Justiça como Abertura ao Outro
A verdadeira Justiça nasce do respeito à
diferença. O Juiz simbólico não tenta enquadrar todos em uma única medida, mas
valoriza a diversidade, ajuda os Irmãos a crescerem dentro de sua própria
verdade e compreende que a ética não é rigidez, mas sensibilidade e coerência.
Deleuze, filósofo da transformação, nos ajuda
a entender essa visão: ele nos lembra que julgar não é fechar caminhos, mas
abrir possibilidades. O Juiz, assim, não é um fiscal, mas um criador de
sentidos, alguém que inspira outros a se tornarem quem ainda podem ser.
Fraternidade como Ética Viva
O Juiz ideal não é o que impõe sua razão, mas
o que promove um ambiente de escuta, de crescimento mútuo e de liberdade com
responsabilidade. Ele age com firmeza e ternura, equilibrando a clareza da
razão com o calor da fraternidade.
Que o Grau 7 nos ensine a julgar menos com os
olhos, e mais com a consciência. A olhar para dentro, e a criar, com coragem,
versões melhores de nós mesmos — a cada dia, a cada decisão. Porque, no caminho
maçônico, Justiça é também criação, e julgar é, acima de tudo, transformar.
Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de
Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da
Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA
da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
Conheça mais e melhor:
https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/06/instrucao-do-gr-au-13-friedrich.html
Anexo
Descrição da Ilustração
A imagem retrata uma jovem figura em
contemplação, cercada por símbolos da Justiça — balança, espada e livro aberto.
Mas nada é rígido: a balança parece fluir, a espada aponta para a libertação
interior, e o livro se abre à reinvenção, sugerindo que julgar é também criar.
O fundo é uma paisagem abstrata e em
movimento, com espirais e padrões fluidos, representando a ideia de
transformação contínua. As cores vibrantes e mutáveis refletem o dinamismo do
pensamento e da identidade em constante devir.
A expressão da personagem é de introspecção,
não de autoridade. Ela não julga o mundo, mas explora a si mesma, num gesto de
autoconhecimento e abertura. A Justiça aqui não é um veredito final, mas um
processo vivo — uma busca ética, criativa e pessoal.
A ilustração transmite, assim, a mensagem
central: o verdadeiro Juiz é quem se reinventa, quem transforma o erro em
potência e lidera não com rigidez, mas com sensibilidade e coragem de ser
múltiplo em um mundo em constante movimento.
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