Instrução do Grau 9: Pierre Bourdieu
Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba – 1ª Região
0225 - LOJA DE PERFEIÇÃO PAZ E AMOR
FUNDADA
EM 11 DE ABRIL DE 1972
CAMPINA
GRANDE - PARAÍBA
GRAU 9 – Uma Leitura Ética e Social inspirada em Pierre
Bourdieu
Pacíficos
e Amados Irmãos,
O
Grau 9 – Mestre Eleito dos Nove – representa uma encruzilhada moral na jornada
maçônica. Ele nos confronta com dilemas profundos: agir ou calar? Punir ou
compreender? Liderar com firmeza ou com compaixão? A luz de Albert Pike orienta
essas reflexões, e podemos enriquecer ainda mais esse caminho com ideias do
sociólogo Pierre Bourdieu, que nos ajuda a enxergar como o poder e a justiça
operam de maneira muitas vezes invisível na vida social e na alma humana.
1. Estilo do Grau: Introspectivo, Ético e Dramático
Este
Grau tem o tom de um tribunal interior. Saímos do campo simbólico da construção
para entrar numa arena de consciência. As imagens fortes – a adaga, a caverna,
as luzes – não são apenas elementos rituais. Elas espelham o drama moral que
acontece dentro do iniciado.
Aqui,
a linguagem toca mais fundo. Não basta repetir símbolos: é preciso senti-los e
encará-los com seriedade e lucidez.
2. Justiça Como Caminho Consciente
A
verdadeira justiça não é movida pela raiva ou por interesses pessoais. Ela
exige maturidade, visão ampla e responsabilidade. Nem toda punição é justa, e
nem toda ação silenciosa é omissão.
Agir
com justiça é considerar o contexto, os efeitos, e principalmente, a dignidade
de todos os envolvidos. Trata-se de uma prática viva, e não de um julgamento
automático.
3. O Habitus do Mestre Justo
Cada
um de nós carrega dentro de si modos de agir moldados pela história pessoal,
pela cultura e pelo meio social. Mas o Mestre Eleito é chamado a transformar esses
padrões automáticos.
Ele
precisa desenvolver um novo hábito: o de refletir antes de agir. De respirar
antes de reagir. De buscar equilíbrio mesmo diante da dor. O impulso cede
espaço à sabedoria. O orgulho dá lugar à retidão.
4. Autoridade Não se Impõe – se Conquista
A
verdadeira liderança não vem da força, mas da coerência. O respeito não nasce
do medo, mas da integridade.
A
adaga que o Mestre carrega não é instrumento de violência, mas símbolo da
coragem moral de quem corta os laços com a injustiça – inclusive dentro de si.
A autoridade do Mestre Eleito é silenciosa, mas poderosa, porque vem de sua
postura ética.
5.
As Nove Luzes: Claridade Interior
As
luzes acesas neste Grau não iluminam apenas o caminho – elas iluminam a
consciência. Cada uma delas representa um esforço para romper com a ignorância,
com os automatismos que nos fazem repetir o erro, com os condicionamentos
sociais que muitas vezes disfarçam a injustiça de normalidade.
O
iniciado começa a enxergar além das aparências. Ele aprende a ler o invisível.
6. A Luta Contra as Sombras: Ética em Ação
O
verdadeiro combate do Mestre Eleito não é contra pessoas, mas contra as
distorções de valores que se instalam nas instituições e nos corações. O
inimigo não é o outro: é o desequilíbrio, a mentira, o fanatismo.
A
luta é simbólica, mas real. É um ato político no melhor sentido: uma prática de
transformação ética do mundo e de si mesmo.
7. Justiça ou Vingança?
Uma
das grandes lições deste Grau é a distinção entre agir por consciência e agir
por impulso. Julgar sem compreender, punir sem escutar, reagir sem refletir –
tudo isso é vingança disfarçada.
O
Mestre Eleito é aquele que, diante da injustiça, escolhe a justiça verdadeira:
ponderada, serena, humana. Ele busca restaurar, não destruir. Ele age sem se
perder no ato.
O Mestre Eleito como Agente de Transformação
O
que este Grau propõe é mais do que um rito de passagem: é um chamado à conduta
elevada. Um convite à vigilância ética em um mundo repleto de jogos de poder e
símbolos corrompidos.
O
Mestre
Eleito dos Nove é aquele que:
Substitui a vingança
pela compaixão ativa.
Vê além dos símbolos,
compreendendo os sistemas invisíveis que moldam o agir humano.
Constrói autoridade
não pelo cargo, mas pela firmeza silenciosa do exemplo.
Atua com
discernimento, sendo justo mesmo quando seria mais fácil ser reativo.
Como
ensinou Albert Pike:
“A
verdadeira Justiça não reside no fio da espada vingadora, mas na vitória da
Consciência sobre as trevas da alma”.
E,
na visão de Bourdieu:
“A
ética é a forma mais elevada de resistência simbólica”.
Que
sejamos, Irmãos, eleitos não apenas por um ritual, mas pela coragem de agir com
clareza, firmeza e compaixão.
E
que a Luz da Justiça brilhe sempre – em nossas Lojas, em nossas decisões e em
nossos corações.
Assim
seja.
Hiran de Melo – Presidente da Excelsa Loja de
Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da
Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA
da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
Conheça mais e melhor:
https://pazeamorloja0225.blogspot.com/2025/06/instrucao-do-gr-au-13-friedrich.html
Anexo
Descrição da Ilustração
A
ilustração é introspectiva, dramática e ética, inspirada em Pierre Bourdieu,
refletindo sobre as encruzilhadas morais da jornada maçônica. Ela representa
uma figura solitária, talvez um maçom, à beira de uma caverna escura, com uma
adaga na mão, simbolizando as escolhas difíceis e os desafios inerentes à
jornada. Raios de luz de uma fonte invisível iluminam sua consciência,
significando a bússola moral que os guia. A caverna simboliza o desconhecido,
os desafios e os perigos potenciais que fazem parte do caminho maçônico.
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